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Cinco conclusões sobre o novo gabinete do primeiro-ministro japonês 

Mais da metade dos novos ministros tem mais de 60 anos, apenas duas são mulheres e ninguém do setor privado o integra

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Por Isabel Reynolds
Atualização:

TÓQUIO - Yoshihide Suga anunciou o novo gabinete do Japão nesta quarta-feira, 16, horas depois de ser formalmente eleito primeiro-ministro pelo Parlamento. Como o gabinete de Shinzo Abe, o novo é dominado por integrantes do Partido Liberal Democrata.

Yoshihide Suga (centro, 1ª fileira) com membros de seu gabinete Foto: Yoshikazu Tsuno/EFE

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Mais da metade dos novos ministros tem mais de 60 anos, apenas duas são mulheres e ninguém do setor privado o integra. Suga sucede a Abe, que cumpriu um mandato recorde de quase oito anos consecutivos como premiê, antes de renunciar devido a problemas de saúde. É possível tirar algumas conclusões do novo gabinete:

1. 'Abenomics' segue firme

O Ministro das Finanças de longa data, Taro Aso, permanece em seu papel, indicando que Suga manterá sua promessa de manter e avançar com a política monetária de Abe e posição fiscal flexível, conhecida como "Abenomics". Yasutoshi Nishimura, o ministro da Economia que supervisionou a resposta do país ao coronavírus, também mantém seu posto, assim como o ministro do Comércio, Hiroshi Kajiyama.

2. Onde está o 'Womenomics'

O número de mulheres do antigo gabinete permanece em dois, ou cerca de 10% do total de cargos. Isso fica aquém da meta de Abe de fazer com que elas representem 30% dos cargos de liderança até este ano, sem mencionar sua promessa de ajudar as mulheres a "brilhar". Suga fez pouca menção às políticas para reduzir uma das maiores disparidades salariais de gênero no mundo desenvolvido durante sua campanha pela liderança do partido. O seu partido tem lutado para recrutar e promover mulheres, e apenas cerca de 7% dos membros da câmara baixa são mulheres. A idade média dos membros do gabinete é de 61, com três membros na casa dos 70, incluindo o próprio Suga.

3. Burocratas, cuidado

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Suga, autor de um livro sobre como controlar a burocracia do Japão, disse repetidamente que deseja quebrar as barreiras entre os ministérios e as agências. Ele nomeou Taro Kono como ministro da reforma administrativa, colocando um dos pesos-pesados do partido na função de efetuar mudanças. Como ministro da Defesa, Kono cancelou este ano a implementação de um escudo de defesa antimísseis devido a preocupações com custos, uma medida que se mostrou popular com o público. Suga escolheu Takuya Hirai, conhecido por sua experiência em TI, para liderar uma campanha para digitalizar o governo.

4. Cultivando a política externa

Em contraste com Abe, que visitou cerca de 80 países como primeiro-ministro, Suga tem pouca experiência com diplomacia. Depois de quase oito anos de relações exteriores ditadas em conversas de líder para líder, mais responsabilidade pode agora recair sobre os ombros do ministro das Relações Exteriores, Toshimitsu Motegi. Seu currículo inclui a negociação do acordo comercial da Parceria Trans-Pacífico e, mais recentemente, o acordo comercial Japão-Reino Unido.

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5. Conexão de Taiwan

Suga escolheu o irmão mais novo de Shinzo Abe, Nobuo Kishi, para ser ministro da Defesa. A nomeação pode irritar a China, já que Kishi é conhecido por seus laços estreitos com Taiwan, que Pequim vê como parte de seu território. Kishi visitou Taipei recentemente em agosto como parte de um grupo de legisladores que se encontrou com o presidente Tsai Ing-Wen durante uma viagem para lamentar seu falecido antecessor, Lee Teng-Hui. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, parabenizou Kishi por seu novo cargo e lembrou o Japão de se abster de desenvolver laços oficiais com Taiwan. 

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