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Entenda as principais polêmicas de Rodrigo Duterte nas Filipinas

Assassinato de usuários de drogas, encarceramento em massa, comparação com Hitler, elogio ao estupro: conheça algumas das principais afirmações e propostas do líder das Filipinas

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Por Redação
Atualização:

Desde que assumiu a presidência, em junho de 2016, Rodrigo Duterte tem promovido uma violenta política de combate e caça a traficantes e usuários de drogas, e se notabilizou por declarações e medidas polêmicas. Inimigos políticos que acabaram na cadeia afirmam que o governo conspira para prender dissidentes e organizações de direitos humanos denunciam as violações do governo. 

Nesta segunda-feira, 13, as Filipinas realizam eleições de meio de mandato que podem dar ao presidente Rodrigo Duterte ainda mais poder, e a possibilidade de implementar suas duas principais promessas de campanha: reinstaurar a pena de morte no país e reformar a Constituição. Conheça algumas das principais polêmicas envolvendo Duterte.

Rodrigo Duterte completará um ano de mandato, no qual recebeu numerosas denúncias de violações dos direitos humanos, mas manteve uma alta popularidade, com índices de aprovação próximos de 80% Foto: EFE/King Rodriguez

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A guerra às drogas

Antes de chegar à presidência, Duterte alternou entre prefeito e vice-prefeito da cidade de Davao, uma das maiores das Filipinas, de 1986 até o ano passado. Nesse meio tempo, foi deputado entre 1998 e 2001, além de promotor, e ficou conhecido por articular “esquadrões da morte” contra criminosos e promover o vigilantismo. Foi ao longo da atuação política em Davao que ganhou projeção nacional e o apelido de “justiceiro”. “Todos vocês que estão envolvidos com drogas: eu vou matar vocês. Não tenho paciência, não tenho meio termo”, declarou em um comício às vésperas da eleição presidencial.

Em discursos, Duterte já foi autor de declarações como "esqueçam as leis sobre direitos humanos. Se eu for eleito presidente, farei como quando fui prefeito. Traficantes, ladrões armados e vadios, melhor sumirem, porque vou matá-los. Vou jogá-los na Baía de Manila e engordar os peixes."

Rodrigo Duterte mostra o dedo do meio a repórteres em discurso em Davao, nas Filipinas Foto: REUTERS/Lean Daval Jr

Desde que a guerra de Duterte começou, em 2016, a polícia já matou mais de 7 mil pessoas que, segunda a corporação, são traficantes de drogas que resistiram à prisão. Grupos de direitos humanos afirmam que este número pode chegar a 20 mil, no que chamam de extermínio sistemático de usuário de drogas nas comunidades mais pobres do país. A polícia nega as acusações. Durante a campanha, ele prometeu matar até 100 mil traficantes e viciados em drogas. “Eu sou o esquadrão da morte? Sim. Isso é verdade”, disse.

Segundo as ONGS, o governo já promoveu batidas e revistas em mais de 3,5 milhões de residências, forçando milhares a se renderem e encarcerando ao menos 100 mil pessoas, o que lotou as cadeias.

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Declarações polêmicas

Duterte ficou famoso por seus discursos sem filtro e declarações polêmicas.  Depois de ganhar as eleições em maio de 2016, vieram as reiteradas incitações à violência, nas quais ele pedia a policiais e civis que matassem traficantes e usuários para acabar com o consumo de drogas, que segundo ele é um dos maiores problemas das Filipinas. "Estes filhos da p*** estão destruindo nossas crianças. Estou alertando: não vá por esse caminho, mesmo que você seja um policial, porque eu realmente vou te matar", avisou Duterte em um discurso feito poucas horas depois de sua nomeação para presidente das Filipinas, em 30 de junho. "Se você conhece algum viciado, vá em frente e mate você mesmo, porque pedir que seus pais façam isso seria doloroso demais", acrescentou.

As palavras dirigidas ao governo americano foram ainda mais duras. Duterte atacou o presidente Barack Obama, a quem chamou de "filho da p***" poucas horas antes de uma reunião de cúpula do G-20” em setembro. O encontro não aconteceu. Com Donald Trump, a relação ficou bem mais amena. Logo após confirmada a vitória de Trump nas eleições de 8 de novembro nos Estados Unidos, Duterte ligou ao presidente eleito, enviou “calorosas felicitações”. Trump visitou Duterte e elogiou a política de guerra às drogas do filipino.

No começo do ano, Duterte afirmou ter abusado sexualmente de uma empregada doméstica quando ele era adolescente. Criticando a Igreja católica pela forma com que a instituição lida com crimes de abuso sexual, Duterte lembrou de uma confissão que fez a um padre filipino sobre entrar no quarto de uma empregada doméstica e abusar dela.

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“Eu levantei o cobertor”, disse o presidente das Filipinas. “Eu tentei tocar o que estava dentro da calça. Eu estava tocando, ela acordou. Então eu saí do quarto”, acrescentou. Segundo ele, o padre pediu que rezasse “cinco Ave Marias porque você irá para o inferno.”

Ataque às mulheres

Grupos de direitos das mulheres já fizeram diversas críticas aos frequentes ataques de Rodrigo Duterte, às mulheres. Um dos primeiros foi um discurso em 2015, no qual ele lamentou, em tom irônico, não ter sido o primeiro a abusar sexualmente da missionária australiana Jacqueline Hamill, violentada e assassinada em 1989 no motim de uma penitenciária em Davao, quando ele ainda era prefeito da cidade. 

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Em agosto do ano passado ele sugeriu que o estupro é um crime inevitável enquanto houver mulheres bonitas. Em um discurso em que atacou seus críticos, ele defendeu que, enquanto prefeito de Davao, ele havia erradicado o crime na cidade. "Eles disseram que há muitos casos de estupro em Davao. Enquanto houver mulheres bonitas, haverá mais casos de estupro", declarou.

No ano passado, Duterte ordenou a soldados que atirassem em guerrilheiras comunistas em suas vaginas, para desencorajá-las a se juntar ao Exército do Povo Novo, força rebelde insurgente que trava uma batalha no país desde 1969. O presidente ainda afirmou ter visto o vídeo de uma de suas principais opositoras, a senadora Leila de Lima, fazendo sexo. Ela atualmente cumpre pena de prisão pelo que ela alega ser uma acusação forjada de que protegeria líderes do tráfico de drogas.

Perseguição à oposição

Duterte não tolera críticas à sua política. A senadora Leila de Lima, a mais proeminente opositora da guerra antidrogas, tentou responsabilizar o presidente pelos esquadrões da morte de Davao. Está presa desde 2017, acusada de tráfico de drogas. Ela alega que a prisão tem motivação política e visa silenciá-la.

Um senador que é um dos mais contundentes críticos do presidente filipino Rodrigo Duterte foi preso no fim do ano passado pela polícia, poucos minutos depois que um tribunal emitiu uma ordem que revogava uma anistia concedida em 2011, por acusação de rebelião.  O senador Antonio Trillanes acusava Duterte de ocultar riqueza e de ser responsável por milhares de execuções extrajudiciais de suspeitos de pequenos crimes e traficantes de drogas.

Também no ano passado, Duterte voltou a atacar os bispos católicos dos país ao afirmar que eles "são inúteis", encorajando os filipinos a matá-los. Posteriormente, o presidente afirmou que a Igreja Católica é a instituição "mais hipócrita do mundo" e 90% dos seus sacerdotes são gays. No país asiático, 85% da população é católica. A Igreja Católica critica as políticas de encarceramento em massa de Duterte.

Defesa da violência

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Duterte costumeiramente defende métodos radicais para lidar com a criminalidade, defende abertamente o uso da violência e é um apaixonado por armas. Em setembro, o filipino propôs a criação de um grupo civil armado para fazer frente ao Novo Exército Popular, um grupo comunista rebelde criado no final da década de 1960 e ativo até os dias atuais. Duterte afirmou que a milícia que ele pretende criar vai ser chamar "Esquadrão da Morte de Duterte" e terá poderes para matar suspeitos de serem revolucionários, dependentes químicos e até pessoas que vaguem sem propósito pelas ruas.

No ano passado, Duterte falou que iria “mandar matar” o próprio filho se as acusações de tráfico de drogas contra ele foram comprovadas. Em caso de condenação, o polêmico mandatário destacou que vai proteger os policiais que executarem Paolo Duterte como membro de um grupo chinês de contrabando de narcóticos. Paolo é acusado de ajudar a contrabandear metanfetamina em um carregamento de origem chinesa. A carga teria valor de US$ 125 milhões e aportou em Manila no começo do ano.

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