Estado Islâmico confirma morte de líder, anuncia sucessor e pede vingança

Abu Ibrahim al-Hashimi al-Qurashi substitui Abu Bakr al-Baghdadi, que cometeu suicídio durante uma operação das forças especiais americanas na Síria no fim de semana

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Por Redação
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BEIRUTE - O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) anunciou nessa quinta-feira, 31, um novo líder, Abu Ibrahim al-Hashimi al-Qurashi, em substituição a Abu Bakr al-Baghdadi, que cometeu suicídio durante uma operação das forças especiais dos Estados Unidos na Síria no fim de semana.

Abu Bakr al-Baghdadi cometeu suicídio durante uma operação das forças especiais dos Estados Unidos na Síria Foto: Departamento de Defesa dos EUA / AP

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"Ó muçulmanos, ó mujahedines, soldados do EI. Lamentamos o comandante dos fiéis Abu Bakr al-Baghdadi", afirma o grupo em uma mensagem de áudio publicada no aplicativo Telegram.

O grupo jihadista também pediu que seus apoiadores vinguem a morte de Baghdadi na mensagem lida por Abu Hamza al-Qurashi, apresentado como porta-voz do EI.

Os extremistas do EI também confirmaram a morte, em outro ataque, do ex-porta-voz, Abu al-Hassan al-Muhajir, que era o braço direito de Baghdadi. 

O EI acrescentou que o "Majli al-shura (a assembleia consultiva, em árabe) fez um juramento de lealdade a Abu Ibrahim al-Hashimi al-Qurashi como novo comandante dos fiéis e o novo califa dos muçulmanos". 

O nome dele apareceu em raras ocasiões entre os potenciais sucessores de Bagdadi, cuja morte havia sido anunciada várias vezes nos últimos anos.

"Não se sabe muito dele, somente que é o principal juiz do EI e que dirige a Autoridade da Sharia (lei islâmica)", indicou Hisham al-Hashemi, um especialista iraquiano do EI.

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Operação na Síria

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou no domingo, na Casa Branca, a morte de Baghdadi, considerado responsável por mortes e ataques atrozes em todo o mundo. 

O Pentágono divulgou na quarta-feira detalhes, vídeos e fotos da operação das forças especiais americanas na Síria, que terminou com a morte do líder de 48 anos. 

Encurralado pelos soldados, o líder do EI detonou os explosivos que carregava no corpo pelo interior de um túnel cavado para sua proteção. "Morreu como um cão", afirmou Trump.

Ameaça aos EUA

Em sua gravação de áudio de sete minutos de duração, o novo porta-voz da organização jihadista pediu que essa morte seja vingada, e ameaçou especificamente os EUA com represálias, qualificando seu presidente de "velho homem louco".

"Não fique alegre, EUA", ameaçou o novo porta-voz do EI. "O novo eleito fará com que vocês esqueçam o horror que sofreram e que os feitos dos dias de Bagdadi pareçam doces", afirmou.

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Desde que em 2014 se autoproclamou "califa" de um território que contou com até sete milhões de habitantes, entre o Iraque e a Síria, Bagdadi se tornou o homem mais procurado do mundo.

Movimento em desordem

Seu sucessor herda um movimento em plena desordem, que depois de ter um califado que se estendia por grande parte da Síria e do Iraque, agora está espalhado e dividido em uma imensidão de células clandestinas, com pouca capacidade de comunicação. 

Abu Ibrahim al-Hashimi al-Qurashi ainda tem 14 mil combatentes na Síria e no Iraque, segundo estimativas de Russ Travers, diretor interino do Centro Nacional de Contraterrorismo dos EUA.

Uma opção para o novo chefe pode ser procurar o atual líder da Al-Qaeda, o egípcio Ayman al-Zawahiri. 

Detidos do EI

Em mensagem de áudio divulgada na quinta, o porta-voz do EI fez uma referência ao pedido do ex-líder jihadista a favor da libertação dos detidos do EI pelos curdos na Síria. Eles afirmam que cerca de 12 mil supostos integrantes do EI estão detidos, incluindo mais de 2 mil estrangeiros.

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As forças curdas na Síria, parceiras durante anos de Washington na feroz luta contra o EI, alertaram que os ataques podem começar a ocorrer após o reconhecimento da morte do histórico fundador do EI. 

"Esperamos qualquer coisa, incluindo ataques às prisões", afirmou Mazlum Abdi, comandante-em-chefe das Forças Democráticas da Síria (SDS), referindo-se às prisões sob seu controle, onde milhares de jihadistas estão lotados. / AFP

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