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Como o ‘centrismo populista’ cresce em Washington e ameaça a ordem internacional do liberalismo

Chamem de neopopulismo: uma atitude bipartidária que desconfia do livre-mercado e não adere ao liberalismo econômico

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Por David Leonhardt (The New York Times)

O fato mais debatido a respeito da política dos Estados Unidos atualmente pode ser a profunda polarização do país. O Partido Republicano moveu-se para a direita a qualquer custo, e o Partido Democrata moveu-se para a esquerda. Ambos consideram o outro uma ameaça à sua existência. Uma consequência desta polarização, afirmam frequentemente políticos e comentaristas, é o impasse em Washington. Mas em um país que, assume-se, deveria ter um governo federal entravado, os últimos quatro anos são difíceis de explicar. Este período de bipartidarismo em Washington foi, pode-se argumentar, o mais produtivo em décadas.

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Durante a pandemia de covid, democratas e republicanos no Congresso uniram-se para aprovar respostas emergenciais. Sob o presidente Joe Biden, maiorias bipartidárias aprovaram grandes pacotes de infraestrutura e chips semicondutores, assim como legislações sobre assistência médica a veteranos de guerra, violência com armas de fogo, o Serviço Postal, o sistema de aviação, casamentos entre pessoas do mesmo sexo, crimes de ódio contra vítimas de origem asiática e o processo eleitoral. Em relação ao comércio, o governo Biden manteve algumas das políticas emblemáticas do governo Trump, chegando até a expandi-las.

A tendência continuou ao longo do mês passado, com a aprovação bipartidária das leis para determinar o envio de ajuda para a Ucrânia e outros aliados e forçar a empresa chinesa proprietária do TikTok a vender a rede social. Após a aprovação das legislações, os republicanos de extrema direita tentaram depor o presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, porque ele não bloqueou sua tramitação — e os democratas da Casa votaram para mantê-lo no cargo. Deputados de um partido salvarem um presidente da Câmara da outra legenda era algo inédito. Na semana passada, a Casa avançou com outra lei bipartidária, sobre socorro em desastres, usando uma rara técnica procedimental para contornar votos alinhados partidariamente.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, participa de um comício de campanha em Nashua, New Hampshire  Foto: Mandel Ngan/AFP

Essa enxurrada de bipartidarismo pode ser surpreendente, mas não é acidental. E tem dependido do surgimento de uma nova forma de centrismo americano.

A própria noção de centrismo é um anátema para muitos progressistas e conservadores, invocando uma moderação sentimental. Mas o novo centrismo nem sempre é tão moderado. Forçar a venda de um popular aplicativo de rede social não é exatamente sutil, nem confrontar China e Rússia. As leis de gastos para reconstruir a infraestrutura dos EUA e fortalecer sua indústria doméstica de semicondutores são políticas econômicas ambiciosas.

Uma qualidade que define o novo centrismo é a medida que ele se diferencia do centrismo que orientou Washington nos mais de 30 anos passados após o fim da Guerra Fria, a partir dos anos 90. Aquele centrismo — alternadamente chamado de Consenso de Washington ou neoliberalismo — tinha como base a ideia de que a economia de mercado tinha triunfado. Ao diminuir barreiras comerciais e acabar com o Estado grande, os EUA criariam prosperidade para seu próprio povo ao mesmo tempo que moldariam o mundo à sua própria imagem, espalhando democracia para China, Rússia e outras partes.

Não funcionou. Nos EUA, a renda e a riqueza cresceram lentamente, a não ser para os mais ricos, enquanto a expectativa de vida hoje é mais baixa do que em qualquer outro país de renda elevada. Apesar de, juntamente com outros países pobres no passado, a China ter ficado mais rica, ela é menos livre — e cada vez mais assertiva.

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversa com o presidente da China, Xi Jinping, em Woodside, Estados Unidos  Foto: Doug Mills/AP

O novo centrismo é uma resposta a esses desdobramentos. Um reconhecimento que o neoliberalismo não entregou. A noção de que a estratégia antiga geraria prosperidade, conforme afirmou Jake Sullivan, o conselheiro de segurança nacional do presidente Biden, “foi uma promessa feita mas não cumprida”. Em seu lugar, uma nova visão de mundo emergiu. Chamem-na de neopopulismo.

Tanto democratas quanto republicanos ficaram gradualmente céticos em relação ao livre comércio; na terça-feira, Biden anunciou tarifas mais altas sobre várias mercadorias fabricadas na China, em resposta a subsídios de Pequim. Os democratas e parte dos republicanos também apoiaram a política industrial, com a qual o governo tenta solucionar as deficiências do mercado. As leis de infraestrutura e de semicondutores são exemplos. Esse tipo de política passou uma sensação maior de consistência nas presidências de Dwight Eisenhower ou Franklin Roosevelt do que nos mandatos de Ronald Reagan ou Bill Clinton.

O termo neopopulismo cabe em parte porque pesquisas mostram que essas novas políticas são mais populares do que os princípios do Consenso de Washington jamais foram. Décadas atrás, políticos de ambos os partidos pressionavam pela liberalização do comércio global apesar do ceticismo do público. Em retrospecto, muitos políticos e até alguns economistas acreditam que os americanos estavam corretos em seu ceticismo.

O líder da minoria democrata na Câmara dos Deputados passa o martelo para o presidente da Câmara dos Deputados, o republicano Mike Johnson  Foto: Kenny Holston/NYT

“Há uma sensação tanto na esquerda quanto na direita, assim como entre independentes, de que a economia não tem funcionado em muitos lugares”, disse-me o deputado progressista Ro Khanna, do Partido Democrata, cuja circunscrição eleitoral abrange o Vale do Silício. Daniel DiSalvo, pesquisador-sênior do centro de análise conservador Manhattan Institute, afirmou que os republicanos “despertaram para o fato de que as políticas neoliberais não funcionam muito bem para uma grande coalizão de trabalhadores”.

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Assim como no século 20, outro fator importante é uma rivalidade internacional. Naquela época era a Guerra Fria. Agora é a batalha contra uma aliança de autocracias liderada pela China que inclui Rússia, Coreia do Norte, Irã e grupos como o Hamas e os houthis.

“A China é realmente uma força unificadora”, disse-me a senadora Susan Collins, republicana do Maine. O senador John Fetterman, democrata da Pensilvânia, comparou o surgimento da inteligência artificial ao lançamento do satélite Sputnik, em 1957, pela União Soviética, que ocasionou uma lei bipartidária sobre educação e pesquisa científica. Temores sobre a IA, acrescentou Fetterman, possibilitaram a aprovação da lei dos chips. “Nós conseguimos nos unir mais quando percebemos risco ao modo de vida americano”, afirmou Fetterman. “De que lado você está? Da democracia ou de Putin, do Hamas e da China?”

O senador John Fetterman, democrata da Pensilvânia, foi eleito em 2022  Foto: Mariam Zuhaib/AP

Certamente o novo centrismo também tem limites. O Partido Republicano tem uma grande ala isolacionista, e alguns progressistas duvidam que o poder americano seja uma coisa boa. A Suprema Corte, dominada por magistrados indicados por republicanos, apoiam em grande medida a economia liberal. Mas sobre algumas questões polarizadoras, como o aborto, a perspectiva de leis federais é exígua.

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E há também Donald Trump, que de certas maneiras é parte do novo consenso, mas também é hostil a tradições democráticas básicas, incluindo um Judiciário independente e a transferência pacífica do poder. Se Trump virar presidente outra vez, a agenda que ele promete é extrema o suficiente para esfriar a cooperação bipartidária.

Ainda assim, as forças que criaram o neopopulismo dificilmente desaparecerão, pois refletem tendências econômicas e internacionais duradouras, assim como a opinião pública.

“Não quero dar a parecer que está tudo bem, porque claramente não está”, afirmou Collins, um defensor de longa data do bipartidarismo. “Mas não acho que o pêndulo esteja começando a regredir.”

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano Donald Trump discursa em um evento da organização Mães para a Liberdade, em Filadélfia, Pensilvânia  Foto: Matt Rourke/AP

O declínio do reaganismo

A polarização partidária é um fenômeno que ocorre há décadas e tem muitas causas subjacentes. Os dois maiores partidos políticos dos EUA eram ideologicamente incoerentes em meados do século 20, com democratas conservadores no Sul e republicanos progressistas no Norte. Uma vez que os partidos se definiram mais racionalmente, o destino do bipartidarismo ficou mais difícil.

Personalidades também tiveram seu papel. Republicanos afirmam que a rejeição do Senado à indicação de Robert Bork à Suprema Corte, em 1987, apesar de suas qualificações legais, transformou Washington. Democratas culpam Newt Gingrich, presidente da Câmara nos anos 90, por transformar o Congresso numa instituição menos colegiada.

O ápice da era partidária, pode-se argumentar, ocorreu em 2009, pouco após a eleição de Barack Obama à presidência. Obama tinha ascendido à proeminência como um defensor de concessões mútuas e esperava aprovar leis bipartidárias sobre assistência de saúde e energia limpa. Mas Mitch McConnell, então líder da minoria republicana no Senado, acreditava que permitir a Obama sancionar essas legislações fortaleceria o democrata e persuadiu outros republicanos a se opor ao então presidente em quase todas as suas políticas maiores. “Ou é bipartidário ou não é”, disse McConnell na época.

O líder da minoria no Senado, Mitch McConnel, chega ao Senado americano para participar de uma coletiva de imprensa em Washington, Estados Unidos  Foto: J. Scott Applewhite/AP

McConnell e seus aliados também se opunham a princípios da agenda democrata. Eles eram republicanos liberais, que tendiam a se opor à intervenção do governo na economia, o que frequentemente resultava em dificuldades para alcançar denominadores comuns em políticas.

A ascensão de Trump alterou essa dinâmica. Ele venceu as primárias republicanas em 2016 descartando elementos centrais do reaganismo. Pode ser difícil pensar em Trump como um centrista em razão de seus comentários grotescos. Mas ele moveu seu partido ao centro em relação a grandes questões econômicas. Ao contrário dos reaganistas, Trump criticou o livre comércio e elogiou programas como o Medicare. Certa vez, descreveu a si mesmo como “um popularista”.

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Para o assombro de outros republicanos, sua rejeição à economia de livre-mercado não o prejudicou politicamente; ao contrário, o ajudou a vencer as primárias. E na eleição-geral ele conquistou eleitores de classe trabalhadora que tinham apoiado Obama anteriormente. A vitória de Trump fez ambos os partidos reconhecer que o Consenso de Washington era menos popular do que eles acreditavam. “Donald Trump ampliou a abertura para discussões sobre políticas nos EUA”, afirmou em 2018 Neera Tanden, na época presidente do Centro para o Progresso Americano, um instituto de análise progressista, e atualmente conselheira de Biden sobre políticas domésticas.

O próprio Trump continua inconsistente em relação a muitas questões sobre políticas. Mesmo enquanto discursava como um presidente populista, ele instalou secretários de gabinete pró-desregulação, e sua legislação doméstica mais emblemática foi um corte de impostos de quase US$ 2 trilhões que beneficiou os ricos. Se for eleito novamente, ele promete ampliá-lo. Recentemente, Trump retirou seu apoio à venda forçada do TikTok pouco após conversar com um doador de campanha republicano cuja firma tem participação na empresa-mãe do TikTok.

Não obstante, a heresia de Trump em relação ao comércio e à intervenção do governo facilitou para outros republicanos moderar suas próprias posições. O cientista político Daniel Schlozman, da Universidade Johns Hopkins, nota que o Partido Republicano de Trump exige lealdade em alguns tópicos, como suas falsas alegações sobre fraude eleitoral, mas é menos homogêneo do que costumava ser sobre outros temas.

“Eis o insólito paradoxo disso tudo”, afirmou Schlozman, coautor de “The Hollow Parties: The Many Pasts and Disordered Present of American Party Politics” (Os partidos vazios: Os muitos passados e o presente desordenado da política partidária dos EUA), publicado este mês. “Existe mais espaço de manobra hoje para políticas ordinárias, como as leis dos chips e de infraestrutura, mesmo enquanto o partido se moveu para a direita em relação questões como o cerne da democracia e a contagem de votos.”

Os instintos bipartidários de Biden

O desdobramento final que possibilitou o neopopulismo bipartidário é a presidência de Biden. O presidente se define há muito como um democrata mais ligado à classe trabalhadora do que outros companheiros de partido. Ele também priorizou aproximar-se ideologicamente do centro em seu partido — tornando-se líder da legenda em 2020, quando muitos especialistas em políticas se amargavam com o neoliberalismo. E Biden tem mantido uma fé quase teológica no bipartidarismo, oriunda de uma carreira no Senado iniciada em 1973 — outra era. Quando ele entrou na Casa Branca prometendo aprovar leis bipartidárias, muitos analistas políticos escarneceram. O país, afirmavam eles, estava polarizado demais.

Mas Biden persistiu, trabalhando frequentemente nos bastidores. A chance de uma lei ser aprovada aumenta, acredita o presidente, se ele conseguir afastar sua imagem da legislação. “Ele foi paciente e prestativo tanto em recuar quanto em avançar conforme considerou necessário”, afirmou a senadora Amy Klobuchar, democrata de Minnesota. Sejam quais forem as fraquezas de Biden como presidente, seu registro em sancionar leis bipartidárias excede o de qualquer antecessor recente. Na legislação de infraestrutura, por exemplo, 19 dos 50 senadores republicanos votaram a favor, incluindo McConnell.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se encontra com a vice-presidente americana, Kamala Harris, o presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Mike Johnson, e o líder da maioria no Senado, o democrata Charles Schumer  Foto: Sarah L Voisin/The Washington Post

Como sublinham essas conquistas, a maioria dos republicanos no Congresso ainda não aderiu à agenda neopopulista. As maiorias bipartidárias tendem a incluir quase todos os democratas e uma minoria de republicanos. “Enquanto eles não estiverem prontos para dizer não ao corte de impostos de US$ 2 trilhões, eu não os considerarei populistas econômicos”, disse-me a senadora Elizabeth Warren, democrata de Massachusetts, referindo-se ao corte de impostos original. “Mas é verdade que neste momento existem alguns republicanos dispostos a questionar mercados desregulados que exploraram os consumidores por décadas.”

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A própria Warren trabalhou com o senador Josh Hawley, republicano do Missouri, em um projeto de lei que forçaria as empresas aéreas americanas a reembolsar passageiros por voos cancelados e com o senador Roger Marshall, republicano do Kansas, numa legislação para regular as criptomoedas.

Outro momento neopopulista ocorreu em fevereiro, quando o senador J.D. Vance, republicano de Ohio, elogiou Lina Khan, a ativista antimonopólio que Biden indicou para presidir a Comissão Federal de Comércio, pelo “ótimo trabalho”. Vance é um republicano de direita, que Trump considera ter como vice na chapa de 2024, enquanto Khan está entre os membros mais progressistas do governo Biden. Ainda assim, Vance escolheu Khan como a única pessoa no governo que ele está disposto a elogiar.

Em parte, essa fusão entre direita e esquerda é um sinal de que os políticos estão reagindo racionalmente aos pontos de vista dos eleitores. Muitas elites políticas — incluindo doadores de campanha, especialistas de institutos de análise e jornalistas de política nacional — interpretaram incorretamente a opinião pública há muito tempo. Suas preocupações não revolvem as visões socialmente liberais e fiscalmente conservadoras que muitas elites sustentam. A opinião pública tende a seguir caminhos opostos.

A senadora Elizabeth Warren, democrata de Massachussets, participa de uma sessão no Senado americano, em Washington, Estados Unidos  Foto: Mandel Ngan/AFP

Os americanos pendem para a esquerda em relação a políticas econômicas. Pesquisas mostram que eles apoiam restrições comerciais, impostos mais altos para os ricos e uma rede de seguridade social forte. A maioria dos americanos não é socialista, mas apoia políticas destinadas a manter o custo de vida baixo e criar empregos. Essas visões ajudam a explicar por que iniciativas eleitorais sobre aumentos de salário mínimo e expansão do Medicaid foram aprovadas até em Estados de maioria republicana. Também explicam por que algumas partes da agenda de Biden às quais os republicanos se opuseram uniformemente, como uma lei baixando custos médicos, são extremamente populares. “É aí que o centro de gravidade do país se situa”, disse-me Steve Ricchetti, uma alta autoridade da Casa Branca.

A história é diferente em temas sociais e culturais. Os americanos pendem para a direita em muitas dessas questões, mostram pesquisas (mas não tanto à extrema direita, como no posicionamento do Partido Republicano em relação ao aborto).

O exemplo mais evidente na era Biden é a imigração. Um dos princípios centrais do neoliberalismo, no passado apoiado por ambos os partidos, é o alto índice de imigração. Juntamente com a livre circulação de bens e capitais, o neoliberalismo conclama mais liberdade de movimento às pessoas.

A maioria dos eleitores, especialmente de classe trabalhadora, vê a coisa diferente. O nível de imigração nas alturas durante a presidência de Biden, grande parte ilegal, tornou-se um passivo político e quase ocasionou outra peça de legislação neopopulista este ano. Senadores democratas e republicanos montaram um plano para fortalecer a segurança na fronteira. Foi como um espelho dos republicanos concordando em apoiar as leis de semicondutores e infraestrutura: dessa vez, foram alguns democratas que abandonaram um posicionamento político em desacordo com a opinião pública.

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, participa de um comício de campanha em Nashua, New Hampshire  Foto: Alex Brandon/AP

A proposta sobre imigração não virou lei porque Trump a considerou útil politicamente para Biden e persuadiu os republicanos no Congresso a retirar seu apoio. Mas em 2025 ou depois, seja Biden ou Trump o presidente, uma versão desse projeto de lei poderá emergir novamente. Pesquisas mostram que as políticas previstas nesse plano seguem muito populares.

Uma política mais reativa

Que outras políticas neopopulistas podem estar adiante? Mais legislações para lidar com a ascensão da China e mais estímulos à indústria são possíveis. Uma lei para garantir que os EUA tenham acesso a minerais críticos, como lítio e cobre, qualificaria-se em ambos os casos.

Políticas para ajudar famílias jovens também são plausíveis, previu Oren Cass, diretor do instituto de análise conservador American Compass, que é crítico em relação à economia liberal. Em janeiro, uma grande maioria bipartidária aprovou na Câmara uma expansão do crédito tributário infantil, mas o projeto não foi aprovado no Senado.

Há elementos do populismo que deixam muitas pessoas desconfortáveis, evidentemente. O populismo pode descambar para o autoritarismo, conforme Trump demonstra com frequência. Se ele retornar para a Casa Branca, seu segundo mandato poderá ser tão caótico e radical que impedirá a produtividade bipartidária dos anos recentes. Mas Trump não é a única ameaça ao sistema político americano.

Por décadas, Washington trabalhou em prol de um conjunto de políticas que desagradavam muitos eleitores e não chegaram nem perto de entregar os resultados prometidos. Muitos cidadãos, compreensivelmente, se frustraram. Essa frustração ocasionou o surgimento de um neopopulismo que busca revigorar a economia americana e competir com os rivais globais dos EUA. Por mais polarizado que o país esteja, seus dois partidos políticos ao menos tentam responder a essa realidade — e têm encontrado uma quantidade surpreendente de denominadores comuns. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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