Ex-premiê da França é julgado por complô para difamar Sarkozy

Acusado de manipular investigação, Dominique de Villepin poderá pegar até cinco anos de prisão

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Por BBC Brasil
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O ex-primeiro-ministro da França Dominique de Villepin começou a ser julgado nesta segunda-feira, 21, sob acusação de ter conspirado para difamar o presidente Nicolas Sarkozy. De Villepin é acusado de tentar manipular uma investigação judicial que poderia ter prejudicado Sarkozy nas eleições presidenciais de 2007. Se for considerado culpado, o ex-premiê pode pegar até cinco anos de prisão e ter de pagar uma multa de até 45 mil euros (aproximadamente R$ 120 mil). Ele, no entanto, nega as acusações. "Sairei desta livre e exonerado", afirmou De Villepin ao chegar ao Palácio da Justiça, em Paris, na manhã desta segunda-feira. "Sei que a verdade vai prevalecer." O caso remonta a 2004, quando o nome de Sarkozy apareceu em uma lista de importantes políticos e empresários que teriam recebido propina na venda internacional de armas, enviada ao então premiê. Segundo a correspondente da BBC em Paris Emma Kirby, em 2006, o ex-vice-presidente do grupo aerospacial EADS, Jean Louis Gergorin, admitiu ter entregue a lista a autoridades judiciais a mando de De Villepin e do ex-presidente Jacques Chirac. Quando um juiz concluiu que a lista era falsa, o foco da investigação passou a ser a pessoa por trás das alegações. Os magistrados agora querem saber se esta pessoa é Dominique de Villepin, e se ele tentou conduzir uma campanha de difamação contra Sarkozy. Os dois eram ministros de Chirac e sempre foram rivais políticos. De Villepin tinha o apoio do ex-presidente para sucedê-lo no cargo, mas foi Sarkozy quem ganhou os votos de seu partido para concorrer à Presidência. O "julgamento da década" - como está sendo chamado pela imprensa francesa - deve durar cerca de quatro semanas, mas o veredicto só deve sair meses depois. De Villepin deverá prestar depoimento na semana que vem. Outro ex-primeiro-ministro, Jean-Pierre Raffarin, deve depor como testemunha, além do atual chefe de inteligência e seus antecessores. Sarkozy não deve ter de testemunhar. As audiências ocorrem na "Grande Chambre" do Palácio - o mesmo tribunal onde a rainha Maria Antonieta foi condenada à guilhotina em 1793.

 

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