A Europa terá em 2015 o maior número de refugiados pelo continente desde o fim da 2.ª Guerra, alertou nesta terça-feira, 25, a ONU em comunicado. A organização afirmou que o fluxo de pessoas “não vai parar” e ocorrerá por diversas rotas. Por dia, a previsão é de que cerca de 3 mil pessoas entrem na Europa pelos Bálcãs nos próximos meses, enquanto as chegadas pelo Mediterrâneo continuam a superar a marca diária de mil pessoas.
Há apenas um mês, a ONU estimou que, em 2015, 250 mil refugiados chegariam pelo Mediterrâneo. Até hoje, o número apresentado já chegava a 300 mil, faltando ainda quatro meses para terminar o ano. A guerra na Síria, as crises de Iraque, Líbia, Afeganistão e Somália continuarão a gerar milhões de refugiados, segundo a estimativa da entidade.
“Não vemos nenhum fim para o fluxo de pessoas no futuro”, alertou Melissa Fleming, porta-voz do Alto Comissariado para Refugiados da ONU. Com mais de 4 milhões de sírios espalhados por outros países do Oriente Médio e muitos deles vivendo na pobreza, Melissa aponta que a constatação é de que milhares de famílias optam por tentar a sorte na Europa.
No início da semana, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente da França, François Hollande, se reuniram para traçar um plano diante da crise de imigração. Mas a proposta de receber 40 mil pessoas é considerada insuficiente pelas entidades de direitos humanos.
Enquanto um plano não é aplicado, a Europa vive a eclosão de violência diante do fluxo de estrangeiros. Na Alemanha, um futuro centro de acolhimento de refugiados foi incendiado por grupos extremistas e, no fim de semana, na fronteira entre a Macedônia e a Grécia, a polícia recorreu à violência para conter os estrangeiros, em sua maioria sírios.
Na Hungria, o governo tenta acelerar a construção de um muro para impedir a chegada dos estrangeiros pela fronteira com a Sérvia. Dos 175 km previstos, 110 km já estão prontos e o país passou cobrar uma multa de quem entrar sem visto. Melissa, porém, alerta que essas obras também estão acelerando o fluxo de imigrantes. “Muita gente nos diz que decidiu entrar na Europa antes que o muro seja erguido”, contou. Na segunda-feira, 2 mil estrangeiros cruzaram a fronteira da Hungria. Na Bulgária, o governo anunciou hoje que enviou veículos blindados para a fronteira com a Macedônia.
Nem todos os governantes, no entanto, adotaram reações xenófobas. A presidente da Comunidade de Madri, Cristina Cifuentes, ordenou que todos os hospitais voltem a atender imigrantes, mesmo em situação irregular. Todos os imigrantes – com ou sem documentação – terão o direito de ser atendidos na cidade espanhola.