Basicamente, os resultados foram os seguintes
Movimento Cinco Estrelas (indefinido ideologicamente) - 32%
Partido Democrata (centro-esquerda, atualmente no poder) - 19%
Liga (extrema direita) - 18%
Forza Italia (centro-direita) - 14%
Outras Forças de Direita - 6%
Outras Forças de Esquerda - 4%
Há também alguns outros partidos menores com pouca votação.
Diante deste cenário, deve caber ao Movimento Cinco Estrelas formar um governo, gostando ou não deles. Democraticamente, foram os vencedores. Mas a única opção deles seria formar um governo com a Liga adotando alguns pontos em comum de suas agendas. Ambos defendem posições duras em relação aos imigrantes, embora a Liga seja mais abertamente xenófoba. Também são contra mudanças na Previdência e contra a flexibilização trabalhista. Em outros temas, há divergências. Não está claro se conseguiriam chegar a um acordo. Se chegarem, teriam provavelmente maioria no Parlamento.
Caso não haja acordo, provavelmente o Movimento Cinco Estrela seguirá na oposição, buscando se fortalecer ainda mais para as eleições futuras. Já a Liga pode tentar formar um governo com seus aliados da Forza Italia, de Berlusconi, e algumas outras agremiações da direita que somam cerca de 6%. Mesmo neste cenário, provavelmente seria insuficiente para formar um governo de maioria.
A opção de um governo centrista entre a centro-direita de Berlusconi com a centro-esquerda do Partido Democrata, que tem em comum a defesa da União Europeia, não está descartada. Provavelmente, se juntariam a eles alguns outros partidos da direita e da esquerda, mas não a Liga e o Movimento Cinco Estrelas.É, sem dúvida, a opção que a França e a Alemanha torcem. Internamente, porém, haveria dificuldade porque os dois partidos representam o establishment em uma eleição na qual claramente houve voto de protesto.
Não ignore a possibilidade de que, no fim, sem acordo para formar governo, o presidente Sergio Matarella convoque um governo técnico para tocar o país até serem convocadas novas eleições. De qualquer maneira, será um processo longo de negociações. Basta ver na mais estável Alemanha, onde demorou meses até a chanceler (premiê), Angela Merkel, uma das políticas mais experientes do mundo, conseguir formar uma coalizão de governo. Na Itália, a dificuldade será bem maior. Mas, como escrevi outro dia, a Itália sempre foi assim confusa na política.