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Refugiados da América Central são violentados a caminho do México e EUA, diz ONG

Relatório da organização Médicos Sem Fronteiras aponta que 68,3% dos imigrantes entrevistados afirmaram ter sido violentados, estando sujeitos a sequestros, roubos e estupros

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Atualização:

CIDADE DO MÉXICO - Centenas de pessoas que fogem da violência em países como Honduras, Guatemala e El Salvador, região conhecida como Triângulo Norte da América Central (TNAC), são violentados a caminho do México e dos EUA, segundo um relatório divulgado nesta quinta-feira, 11, pela organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF).

A pesquisa “Forçados a Fugir do Triângulo Norte da América Central, uma Crise Humanitária Esquecida” aponta que elas são vítimas de abusos sexuais e perseguições, além de políticas agressivas de deportação que ignoram suas necessidades de assistência e proteção.

Ottoniel é da Guatemala e tenta cruzar a fronteira para os EUA pela quarta vez. Na primeira tentativa, há nove anos, foi pego no Texas e deportado. Ele diz que a travessia ficou muito mais perigosa desde então Foto: Marta Soszynska / Médicos Sem Fronteiras

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Dentre os 467 refugiados entrevistados na pesquisa, 39,2% apontam como principal causa da saída de seu país o fato de eles ou parentes terem sofrido ataques, ameaças ou tentativas forçadas de recrutamento por parte de grupos criminosos.

Além disso, 68,3% deles relataram ter sido vítimas de violência durante a trajetória no território mexicano, onde acabam se tornando “alvos de organizações criminosas” e submetidos outros abusos como sequestros, roubos, extorsões e estupros.

O relatório destaca ainda que cerca de um terço das mulheres que integram o grupo alegaram ter sido vítimas de abuso sexual durante a viagem. As entrevistadas também afirmam que os agressores não eram apenas membros de organizações criminosas, mas também das forças de segurança do México.

Entre 2015 e 2016, as equipes de saúde mental da MSF realizaram mais de 4,7 mil consultas e registraram que 9 a cada 10 refugiados atendidos sofreram um episódio de violência em seus países de origem ou durante a rota migratória para os territórios mexicano e americano. “Como agravante, essas pessoas têm acesso muito limitado ou mesmo nulo à atenção médica básica, à assistência específica para vítimas de violência sexual e aos serviços de saúde mental”, informou o relatório.

A MSF conduziu mais de 1,8 mil consultas de saúde mental aos refugiados no México e registrou que 47,3% procuraram atendimento psicológico por motivos relacionados à violência física, como socos, pontapés, ferimentos de bala, entre outros.

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O relatório destaca que os refugiados oriundos do TNAC são tratados como migrantes econômicos por americanos e mexicanos. A MSF apela para que os governos da região “garantam alternativas a detenção e respeitem o princípio da não repatriação.”

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