Israel convoca reservistas e invade cidades palestinas

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Israel começou a convocar reservistas nesta quinta-feira, depois que suas tropas entraram em cidades palestinas para ampliar a resposta militar a uma onda de atentados suicidas à bomba. Ao anoitecer, supostos militantes palestinos se infiltaram no assentamento judaico de Itamar, na Cisjordânia, fizeram reféns em uma casa, mataram cinco judeus - sendo três crianças - e feriram outros oito. As vítimas eram membros de uma única família - mãe e três filhos - e um soldado que havia sido ferido ao invadir com outros militares a casa, matando um dos invasores. Um segundo invasor pulou por uma janela, trocou fogo com os soldados e foi perseguido antes de ser morto. A Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) assumiu responsabilidade pelo ataque num telefonema à Associated Press. O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, suspendeu sua participação num ato público e passou a fazer consultas de alto nível. O porta-voz de Sharon, Raanan Gissin, reagiu: "Trata-se de um ataque horrendo, e sempre tem de haver uma resposta a tais coisas". Forças israelenses detiveram palestinos durante esta quinta-feira para interrogatório em Jenin, Qalqilya, Belém e Beitunia, um subúrbio de Ramallah. Forças israelenses cercaram Tulkarem, enquanto a Rádio de Israel divulgava alertas sobre possíveis ataques suicidas à bomba em Israel. Desde que assumiu o controle do campo de refugiados de Jenin, na noite da última terça-feira, soldados israelenses têm promovido buscas de casa em casa, guiados por mapas, prenderam cerca de 2.500 homens, levando-os em ônibus para serem interrogados. Cerca de 1.000 foram liberados nesta quinta. O Exército de Israel informou apenas que foi detido Tarek Izzedine, de 28 anos, um líder local do grupo extremista Jihad Islâmica. Depois de dois dias de buscas, forças israelenses abandonaram Qalqilya, que fica entre Israel e a Cisjordânia. A atenção voltou-se para Tulkarem, também na divisa não marcada 15 quilômetros ao norte, onde a polícia e o Exército procuravam homens-bomba. Dois atentados na última terça e nesta quarta-feira em Jerusalém mataram 26 israelenses, levando o governo de Israel a implementar uma nova política de capturar territórios palestinos em resposta aos ataques. Forças israelenses armaram barracas em algumas áreas palestinas, sugerindo que pretendem ficar pelo menos por dias, mas não construíram infra-estrutura permanente, como canalização de água e linhas elétricas. Em uma sessão do Congresso Sionista, de três dias, em Jerusalém, Sharon afirmou: "A destruição do terror e a completa suspensão da violência são as pré-condições para qualquer possibilidade de se alcançar a paz". O ministro da Defesa israelense, Binyamin Ben-Eliezer, criticou duramente a nova política do governo, afirmada quarta-feira, de retomada de áreas da Cisjordânia, pedaço por pedaço, até que acabem os ataques terroristas. "Sou completamente contra toda tomada permanente de territórios. Eu não concordo com qualquer forma de ocupação punitiva", disse ele à Rádio de Israel. Ben-Eliezer é líder do moderado Partido Trabalhista, que participa com o belicista Likud de Sharon do amplo governo de coalizão. Ben-Eliezer disse se opor à restauração do controle civil israelense sobre os palestinos, recriando a situação que antecedeu os acordos interinos de paz de 1994, pelos quais Israel entregou o controle de cidades palestinas à recém-criada Autoridade Palestina. Ben-Eliezer informou que "uma divisão da reserva" havia sido convocada para reforçar as defesas de Israel. Uma divisão é composta de cerca de 1.200 soldados. Fontes militares informaram que os soldados ficarão estacionados entre a Cisjordânia e Israel. Arafat divulgou nesta quinta-feira um comunicado condenando os ataques suicidas à bomba, mas não apareceu pessoalmente na televisão, como assessores disseram que faria. O comunicado foi brando se comparado a anteriores, nos quais havia rotulado os atentados suicidas de terrorismo. Em seu comunicado em árabe, Arafat disse que os ataques a tiros e bombas "têm de ser completamente suspensos". Caso contrário, advertiu, a conseqüência será "a completa ocupação israelense de nossas terras". Mas chefes de segurança palestinos disseram que nenhuma prisão será feita enquanto forças israelenses ocuparem áreas palestinas e o grupo extremista Hamas prometeu continuar com sua campanha de atentados. Grandes Acontecimentos InternacionaisESPECIAL ORIENTE MÉDIO

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.