O Estado acompanha hoje o último dia do julgamento do caso envolvendo as contas de Paulo Maluf em Jersey. A prefeitura de São Paulo espera repatriar US$ 22 milhões, que teriam sido desviados de obras para a construção da avenida Aguas Espraiadas, nos anos 90.
Se para a imprensa no Brasil os advogados do ex-prefeito Paulo Maluf insistem em negar que seu cliente teve contas no exterior, as declarações feitas hoje na corte de Jersey por um de seus representantes aponta para uma outra realidade. Eles não negam que as contas apresentadas pelas denúncias da prefeitura poderiam ser de Maluf e de seu filho, Flávio. Mas insistem que não há provas de que o dinheiro nelas seja fruto de desvio de verbas públicas.
Um dos argumentos usados por David Steenson, advogado que representa a empresa Durant, é de que as transações apresentadas não são necessariamente subornos.
Steenson optou por alegar que a conta Chanani, no Safra National Bank de Nova Iorque era apenas uma conta por onde doleiros movimentariam seus ativos, inclusive por Flávio e Paulo Maluf. "Usar doleiros era como normalmente as pessoas faziam para levar dinheiro para fora do Brasil na época", disse. "O uso do doleiro era a forma de tirar dinheiro da jurisdição do Brasil, evitando impostos, e aceita na sociedade brasileira", indicou.
Para concluir, a defesa de Maluf insistiu que seu cliente não teve a devida oportunidade de se defender. Isso porque não puderam testar as testemunhas apresentadas pela prefeitura. "Eles (prefeitura) não fizeram qualquer esforço para trazer à Jersey as testemunhas. Fomos impedidos de direitos básicos", argumentou. A prefeitura de São Paulo contra-atacou: porque é que Maluf não compareceu à corte.
O julgamento termina hoje, em Jersey. Mas uma definição sobre o destino do dinheiro será anunciado apenas em algumas semanas.