"Castidade é muito importante", disse o número 2 do governo de Ancara. "Não é apenas uma palavra. É um ornamento para as mulheres", afirmou na segunda-feira a uma multidão que celebrava o final do Ramadã. "A mulher deve saber a diferença entre o público e o privado. Elas não devem rir em público de forma alta diante de todo o mundo e deve preservar sua decência", completou.
O caso se transformou em uma polêmica nacional e ganhou a Internet. Fotos de grupos de mulheres, amigas e familias foram colocadas na rede, todas rindo.
O líder da oposição, Ekmeleddin Ihsanoglu, que concorre na eleição presidencial neste fim de semana contra o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan também saiu em defesa das mulheres. "Mais do que nunca, este país precisa do sorriso das mulheres e que todos possam rir", disse.
Mas, para grupos de direitos humanos, os comentários de Arinç revelam como as mulheres e seus direitos ainda são tratados no país. Informes do próprio governo indicam que 40% das mulheres na Turquia sofrem com a violência doméstica. Só neste ano, 120 mulheres foram mortas, a maioria por seus parceiros.
Grupos de defesa dos direitos das mulheres também protestaram. Para a ativista Mehtap Dogan, a atitude apenas reflete as dificuldades que o gênero ainda sobre no país. "Somos ainda tratadas como uma espécie separada", disse.
O próprio Erdogan já causou polêmica no passado ao declarar que não acreditava na igualdade entre homens e mulheres. Em 2012, o prefeito de Ancara, Melih Gökcek também causou polêmica quando perguntou a uma mulher se seu trabalho doméstico não era suficiente, depois de ela pedir um emprego.
Na Turquia, a lei que impede a mulher de rir em público ainda não foi adotada e espero que isso jamais ocorra. Mas a situação real de milhares delas já é suficiente para ter mais motivos para chorar em público que comemorar.