Nenhum dos parentes das vítimas do atentado contra a Amia é tão próximo da presidente Cristina Kirchner como Sergio Burstein. Ela já o recebeu na Casa Rosada e na Quinta de Olivos, a residência oficial. Quando há um encontro da presidente com famílias dos mortos no atentado, o grupo 18J (alusão a 18 de julho de 1994, data do atentado), dirigido por Burstein, é o escolhido.Acusado pela oposição e parentes "independentes" de misturar ideologia e partidos com a causa da Amia, Burstein respondeu rispidamente ao Estado sobre sua lealdade à presidente. "Ser kirchnerista não me torna suspeito de nada. Ninguém pode me acusar de usar a morte da mãe dos meus filhos com finalidade política", disse.Na quarta-feira, dia em que 400 mil marcharam em memória do promotor Alberto Nisman, em Buenos Aires, ele teve um encontro com o papa Francisco, no Vaticano, e pediu que ele interceda para que os iranianos sejam levados a julgamento. "Mesmo que eu estivesse na Argentina, não teria ido à marcha", afirmou ele, que em 1994 foi à mobilização dos guarda-chuvas, horas depois de enterrar a ex-mulher.Os promotores que convocaram a mobilização, segundo ele, nunca se comprometeram com a investigação e "travaram" os pedidos de Nisman. "É uma hipocrisia promotores pedirem justiça. É como uma marcha de médicos pedindo saúde. Eles são os responsáveis", compara.Denúncia. O grupo de Burstein apoiou o acordo entre Argentina e Irã que motivou a denúncia de Nisman contra Cristina. Para o promotor, o pacto foi feito por razões comerciais. "Nada do que Nisman colocou em sua denúncia contra a presidente se concretizou. O negócio com o Irã nunca ocorreu. Nisman nos traiu, usou os mortos da Amia para fazer uma denúncia política, não jurídica", acusa Burstein. / R.C.