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No G-7, Lula procura FMI para negociar socorro à Argentina

Governo mobiliza esforços para ajudar nação vizinha e minimizar impactos da crise local nas empresas brasileiras que exportam ao país

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Por Eduardo Gayer

ENVIADO ESPECIAL A HIROSHIMA, JAPÃO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai se encontrar neste sábado, às margens da cúpula do G-7 em Hiroshima, Japão, com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva. A pauta do encontro será, principalmente, a crise financeira na Argentina, país vizinho que o governo tenta socorrer em ano eleitoral por interesses econômicos e políticos.

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A reunião bilateral, primeira de uma extensa agenda de encontros no país asiático, está marcada para as 17h20 no horário japonês (5h20, no horário de Brasília), e será acompanhada pelo ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira.

A pauta do encontro de Lula com Georgieva foi anunciada na semana passada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após uma reunião com a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, às margens do G-7 financeiro em Niigata, também no Japão. “Uma das razões pelas quais o presidente Lula está vindo ao G-7 é para tratar desse assunto [crise na Argentina]. Para nós, é uma questão fundamental que esse problema seja endereçado. E o presidente Lula virá na próxima semana com a mesma preocupação, estou antecipando o que ele próprio, de viva-voz, vai trazer”, declarou o ministro.

Imagem mostra presidente Lula ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente da Argentina, Alberto Fernandez, em janeiro. No G-7, Lula busca ajuda para socorrer país vizinho Foto: Agustin Marcarian/Reuters

O governo federal tem mobilizado esforços no socorro à nação vizinha para minimizar impactos da crise local nas empresas brasileiras, que exportam para a Argentina. Mas há ainda um componente político, que é ajudar o presidente esquerdista Alberto Fernández em ano eleitoral - e brecar, assim, o crescimento da direita argentina. Para o Palácio do Planalto, uma derrota acachapante da esquerda do outro lado da fronteira poderia contaminar as eleições municipais no Brasil em 2024.

Quando o presidente da Argentina, Alberto Fernández, visitou o Brasil no início de maio, Lula afirmou que iria trabalhar para convencer o FMI a “tirar a faca do pescoço” dos hermanos. O tom crítico também foi entoado durante a posse de Dilma Rousseff no banco dos Brics, em Xangai, quando Lula disse que o FMI asfixia economias em desenvolvimento.

Além de desfazer o mal estar com a fala, o encontro de Lula com Georgieva seria mais um passo da aproximação do governo com o FMI. Na semana passada, Haddad dividiu a mesa no almoço do G-7 com Georgieva. Nesta semana, a primeira vice-diretora-gerente da entidade, Gita Gopinath, esteve em Brasília para evento do Banco Central e manteve contato com integrantes da equipe econômica.

A agenda de Lula no Japão neste sábado ainda prevê reuniões bilaterais com o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, e com o presidente da França, Emmanuel Macron, que colecionou atritos com o ex-presidente Jair Bolsonaro. O presidente também participa dos painéis do G-7 “Trabalhando Juntos para Enfrentar Múltiplas Crises” e “Esforços Conjuntos para um Planeta Resiliente e Sustentável”.

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Ainda para sábado, Lula se encontra com o presidente da Indonésia, Joko Widodo, e com o o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz.

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