O plebiscito em 2016 no Reino Unido sobre a saída da União Europeia - o Brexit - e a eleição geral realizada no ano seguinte, na qual os Conservadores perderam a maioria do Parlamento, causaram um fenômeno inédito na política britânica moderna: nunca tantos ministros renunciaram quanto na gestão de Theresa May.
Desde que ela chegou ao poder, em julho de 2016, 29 secretários abandonaram suas pastas considerando apenas as mudanças que não foram motivadas por reformulações do gabinete coordenadas ou solicitadas pela própria primeira-ministra, segundo dados do think thank britânico Institute for Government.
Essa grande dança das cadeiras no governo britânico tem causado uma constante interrupção no comando das pastas, já que os novos ministros precisam se adaptar ao cargo e os funcionários públicos devem entender os diferentes estilos e as novas prioridades dos que assumem os ministérios.
Uma análise mais detalhada das demissões no governo May mostra que 18 ministros saíram por discordar das políticas em relação à Europa, sendo que 12 se demitiram apenas entre novembro de 2018 - quando a premiê anunciou o acordo com Bruxelas sobre o Brexit - e esta semana.
Este é um número sem precedentes até quando comparado a outras crises em governos anteriores: em 2003, quatro ministros deixaram seus cargos por discordar da abordagem de Tony Blair em relação ao Iraque. Depois, em 2009, três se demitiram do governo de Gordon Brown por não concordar com a forma como ele liderava o país.
Veja abaixo um gráfico interativo que mostra as renúncias de ministros nos governos britânicos desde 1979: