Presidente da Colômbia ordena retomada de bombardeios contra alvos das Farc

Juan Manuel Santos tomou decisão após ataque dos guerrilheiros deixar ao menos 11 soldados mortos no Departamento de Cauca

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Militares carregam corpo de soldado morto em confronto Foto: Jaime Saldarriaga/Reuters

CALI, COLÔMBIA - O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, suspendeu nesta quarta-feira, 15, a ordem de não bombardear alvos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) - pouco mais de um mês após a medida ser colocada prática - em razão de um ataque dos guerrilheiro, nesta madrugada, na cidade de Buenos Aires, no Departamento (Estado) de Cauca, que matou ao menos 11 soldados colombianos e deixar outros 19 feridos.

De acordo com informações do Exército, os soldados e um oficial foram atacados com artefatos explosivos, granadas e armas de fogo pela Coluna Móvel Miller Perdomo das Farc. Santos e o ministro de Defesa, Juan Carlos Pinzón, foram para a cidade de Cali, no Departamento vizinho ao local do confronto, onde fizeram uma reunião com o alto comando militar.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos Foto: Reuters

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Para o presidente, o ataque é resultado de "um ataque deliberado, não feito por acaso e implica um claro rompimento da promessa de cessar-fogo unilateral" que as Farc haviam posto em prática em 20 de dezembro. "Ordenei que as Forças Armadas cancelem a ordem que suspendia bombardeios aos acampamentos da Farc até nova ordem", disse o presidente.

Os representantes das Farc em Havana, onde membros do grupo guerrilheiro e representantes do governo negociam uma solução para o confronto, afirmaram que o ataque aconteceu em razão da "incoerência" do governo, que "está ordenando operações militares contra uma guerrilha em trégua".

O líder dos guerrilheiros Félix Antonio Muñoz Lascarro, conhecido como Pastor Alape, pediu ao presidente colombiano que um "cessar-fogo bilateral, que é urgente para a nação" seja iniciado. 

Para o coordenador da ONU na Colômbia, Fabrizio Hochschild, a morte dos militares é um "triste passo atrás" na redução da intensidade do conflito armado que dura mais de meio século. "Os mortos desta manhã representam um triste passo atrás na redução do sofrimento e no aumento da confiança no Processo de paz", afirmou Hochschild. 

O representante das Nações Unidas no país também lamentou que o incidente tenha prejudicado a "dinâmica positiva" na redução do conflito armado que estava em curso desde o início do cessar-fogo das Farc. "Houve um alívio na situação humanitária do país e uma redução de 50% no número de deslocados nos primeiros meses deste ano, além de uma diminuição nos combates e, consequentemente, no número de mortos em confrontos", disse Hochschild.

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Apesar da decidir responder ao ataque de hoje, Santos insistiu que as negociações em Havana devem ser aceleradas. "Feitos desta natureza e desta gravidade mostram mais uma vez a necessidade de acelerar as negociações. Está é exatamente a guerra que queremos e que temos que encerrar", afirmou o presidente. / EFE e AP

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