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Macron se fortalece em primeiro turno de eleições legislativas

Partido do presidente francês, En Marche deve ter entre 415 e 445 assentos na Assembleia Nacional

Atualização:

PARIS - O partido presidente francês recém-empossado, Emmanuel Macron, liderou o primeiro turno das eleições legislativas na França neste domingo, em um primeiro passo para obter a maioria parlamentar essencial para realizar as ambiciosas reformas prometidas durante a campanha. 

Seu movimento político, República em Marcha (REM), aliado ao Movimento Democrático (Modem), obteve, segundo resultados preliminares divulgados hoje, 32,3% dos votos – o que, em uma Assembleia Nacional de 577 membros, corresponderia a quase 430 assentos, muito acima da maioria absoluta de 289 deputados.

Emmanuel Macron apósvotar em Le Touquet, na França Foto: REUTERS/Christophe Petit Tesson

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Um resultado que ninguém teria antecipado havia alguns meses e vem junto com o retrocesso dos dois grandes partidos, socialista e republicanos, que se alternaram no poder na França durante 60 anos.

Há muito pouco tempo parecia improvável que Macron, um centrista de 39 anos com pouca experiência política e sem a máquina de partido, tivesse a maioria nas legislativas.

O porta-voz do governo, Christophe Castaner, foi cauteloso, e alertou que até o segundo turno “nada está decidido”. Ele pediu a seus partidários que “continuem mobilizados”.

Mas se essa tendência for confirmada no segundo turno do próximo domingo, Macron, que se tornou no dia 14 de maio o presidente mais jovem da história moderna francesa, terá o caminho livre para implementar seu programa eleitoral. 

O Partido Socialista, que controlava a metade da Assembleia Nacional, sofreu uma nova derrota eleitoral, mantendo apenas entre 15 e 40 cadeiras. O partido do ex-presidente François Hollande tinha antes cerca de 300 deputados. 

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O primeiro turno foi “marcado por um retrocesso sem precedentes da esquerda em seu conjunto e em particular do Partido Socialista”, que sofreu um revés histórico, admitiu ontem o primeiro-secretário do PS, Jean-Christophe Cambadélis.

O partido de direita, Republicanos, que buscava a revanche após o fracasso de seu candidato, François Fillon, nas eleições presidenciais, deve terminar com entre 80 a 132 assentos. 

O ultradireitista Frente Nacional (FN), de Marine Le Pen, que terminou em segundo lugar nas eleições presidenciais, deve obter apenas entre um e cinco deputados. Atualmente, conta com dois parlamentares. 

A Frente Nacional esperava conseguir pelo menos 15 cadeiras, o mínimo para poder formar um grupo parlamentar. No segundo turno das eleições presidenciais, a líder de extrema direita teve mais de 50% dos votos em 45 circunscrições.

O movimento de esquerda radical, França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon, deve obter entre 10 e 23 cadeiras. 

Uma ampla vitória do movimento de Macron confirmaria a sede de renovação política dos franceses, depois que o presidente demonstrou seu desejo de acabar com as divisões partidárias tradicionais ao formar um governo com figuras de direita, de esquerda e da sociedade civil. 

Entre os 530 candidatos apresentados pela República em Marcha, só há 28 parlamentares em fim de mandato, e um bom número de cidadãos provenientes de diferentes setores, em consonância com a renovação política promovida por Macron. Cerca de metade é de mulheres, em respeito à paridade de gênero, e a idade média é de 48,5 anos.

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A falta de notoriedade ou experiência entre os candidatos parece não ter afetado o jovem movimento, que se beneficia da imagem positiva do presidente que começou seu mandato com o pé direito no âmbito doméstico e internacional.

Abstenção. As eleições de hoje foram marcadas por uma forte abstenção, mais de 51%, um recorde para o primeiro turno das legislativas na França desde a instauração da 5.ª República, em 1958.

Segundo Frédéric Dabi, do instituto de pesquisa Ifop, esses números “não são uma surpresa já que há aproximadamente 20 anos se observa uma queda da taxa de participação” nas eleições legislativas na França. / FRANCE PRESSE

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