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Parlamento elege novo primeiro-ministro do Japão; Abe deixa cargo oficialmente

Premiê mais longevo da história do país entregou o cargo no dia em que o indicado por seu partido, Yoshihide Suga, venceu as eleições parlamentares

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Por Redação
Atualização:

TÓQUIO - Primeiro-ministro mais longevo da história do Japão, Shinzo Abe deixou oficialmente o cargo nesta quarta-feira, 16. Abe, que já havia anunciado sua renúncia por motivos de saúde, saiu oficialmente da cadeira de premiê após a vitória de Yoshihide Suga, até então seu secretário de governo, nas eleições parlamentares.

Suga, de 71 anos, foi indicado pelo Partido Liberal Democrata (PLD), o mesmo de Abe, como candidato à sucessão. Na eleição parlamentar, o novo líder do PLD recebeu 314 votos de um total 462, provando mais uma vez a força da coalizão de seu partido com o Komeito, que tem maioria ampla na Câmara baixa do Congresso japonês. Pouco depois, a câmara alta do Parlamento também aprovou a eleição de Suga.

Primeiro ministro do Japão Shinzo Abe (centro) renunciou o cargo por motivos de saúde. Foto: Kazuhiro NOGI / AFP

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Abe havia anunciado sua saída do cargo no fim de agosto. O agora ex-primeiro-ministro sofre de colite ulcerosa, motivo apontado pelo próprio como razão de seu afastamento.

"Eu dediquei meu corpo e alma à recuperação econômica e à diplomacia para proteger o interesse nacional do Japão todos os dias desde que retornamos ao poder", disse Abe a repórteres antes de seguir para sua última reunião de gabinete. "Durante esse tempo, fui capaz de enfrentar vários desafios junto com as pessoas e estou orgulhoso de mim mesmo."

Ele disse que sua saúde está melhorando graças ao tratamento e que ele, como legislador, apoiará Suga. Ele também agradeceu ao povo por sua compreensão e forte apoio à liderança futura.

Suga assume falando em estabilidade

Filho de um agricultor e com uma trajetória política atípica, Suga conhece bem cada aspecto da burocracia japonesa. Assessor fiel de Abe durante anos, o novo primeiro-ministro coordenou a política entre os ministérios e as várias agências do Estado. A falta de status internacional, em comparação com o ex-premiê, no entanto, será um desafio.

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O novo primeiro-ministro se comprometeu a seguir a política do antecessor. Desta maneira, ele prometeu uma certa estabilidade aos caciques do PLD, que deram forte apoio a seu nome na eleição interna do partido na segunda-feira.

De origem rural e com fama de rígido, Yoshihide Suga (no centro, de máscara), de 71 anos, exerceu funções estratégicas no mandato de Abe. Foto: Kazuhiro NOGI / AFP

A formação do novo Executivo não deve reservar grandes surpresas. Analistas acreditam que os principais nomes da equipe de Abe devem permanecer em seus cargos, como o veterano Taro Aso (Finanças) e Toshimitsu Motegi (Relações Exteriores).

Na Defesa, Taro Kono poderia ser substituído por Nobuo Kishi, irmão de Shinzo Abe que utiliza o sobrenome do avô materno, que foi primeiro-ministro do Japão no fim dos anos 1950. Kono herdaria a pasta da Reforma Administrativa, considerada por Suga uma prioridade. Já posto de secretário-geral, que era ocupado por Suga, poderia ser reservado ao atual ministro da Saúde, Katsunobu Kato.

Entre os temas que o futuro governo terá que administra figuram a crise do coronavírus, a recessão econômica, a delicada questão da organização ou não dos Jogos Olímpicos de Tóquio - adiados para 2021 - e as repercussões das tensões internacionais, sobretudo entre Washington e Pequim.

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Suga é considerado um líder mais pragmático que dogmático. Analistas acreditam que ele dará continuidade à política econômica de Shinzo Abe, caracterizada por uma política monetária ultraflexível e estímulos fiscais em larga escala, além da aceleração de reformas estruturais.

Alguns nomes importantes do PLD se mostraram favoráveis à convocação de eleições legislativas antecipadas, com o objetivo de consolidar a legitimidade de Suga e prolongar a duração de seu mandato além do prazo inicialmente previsto para Abe.

Até o momento, porém, Suga considera que as eleições não são uma prioridade, alegando que a convocação poderia ser complicada, pois a pandemia de coronavírus não está controlada./ AFP E AP

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