Princesa da Tailândia disputará cargo de premiê em 1ª eleição após golpe de Estado

Depois de mais de quatro sob junta militar, disputa nas urnas está marcada para março; partido da princesa é o principal adversário dos militares

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Por Redação
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BANGCOC - A princesa Ubolratana, irmã mais velha do rei da Tailândia, foi anunciada nesta sexta-feira, 8, como a candidata a primeira-ministra por um partido próximo ao clã Shinawatra, principal adversário da junta militar que governa o país. As eleições acontecem em 24 de março, as primeiras desde o golpe de Estado de 2014.

A princesa da Tailândia,Ubolratana Rajakanya, em uma entrevista coletiva no 61º Festival de Cannes, em maio de 2008 Foto: REUTERS/Christian Hartmann/File Picture

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Uma delegação do partido Thai Raksa Chart mostrou a fotografia de Ubolratana Rajakanya, de 67 anos, na documentação apresentada na sede da comissão eleitoral, hoje quando termina o prazo das inscrições dos candidatos. A legenda é uma das formações ligadas ao bilionário e ex-premiê Thaksin Shinawatra (odiado pelo exército, mas muito popular entre a população de baixa renda) que ganharam todas as eleições desde 2001, incluindo o Puea Thai, cujo governo foi deposto no último golpe.

"O partido Thai Raksa Chart está profundamente honrado por receber a gentileza de Ubolratana Rajakanya em aceitar a indicação do partido como primeira-ministra", disse o partido, através de um comunicado. Foi destacada a vida de plebeia de Ubolratana nos Estados Unidos "após renunciar seu título real em 1972" depois de se casar com um americano, e seu trabalho em vários projetos sociais desde que retornou para a Tailândia.

Dirigentes do partido tailandêsThai Raksa Chart apresentam o formulário de candidatura da princesaUbolratana Rajakanya, que concorrerá ao cargo de primeira-ministra nas primeiras eleições desde o golpe de Estado de 2014 Foto: REUTERS/Athit Perawongmetha

"Ela concluiu que é hora de se voluntariar para servir como primeira-ministra, ajudar o país e as pessoas usando os conhecimentos e habilidades adquiridos ao longo dos anos em vários aspectos, tanto em nível local, como no exterior", acrescentou.

Minutos depois

Minutos depois após o anúncio da princesa, o comandante da junta que governa o país, Prayut Chan-O-Cha, também declarou que disputará o cargo, em uma tentativa de manter a influência dos militares quatro anos após o golpe. "Decidi aceitar o convite do Phalang Pracharat de apresentar meu nome ao Parlamento para ser nomeado primeiro-ministro", disse Prayut, em referência ao partido pró-militar fundado em 2018.

O primeiro-ministro e militar Prayuth Chan-ocha anunciou sua candidatura às eleições de 2019 na Tailândia após o golpe militar que comandou em 2014 Foto: REUTERS/Jorge Silva/Files

Prayut lidera a junta militar há quase cinco anos. O governo aprovou uma nova Constituição para redefinir o panorama político e garantir que os militares controlem o poder após as eleições. Sob o comando de Prayut, os militares se apresentaram como os protetores da monarquia. Mas a entrada da princesa Ubolratana no cenário político, ainda mais pelas mãos do grande inimigo da junta, questiona este argumento.

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Além disso, a candidatura da princesa cria uma ponte entre os "camisas vermelhas" (os partidários de Shinawatra) e os "camisas amarelas" (monárquicos), que protagonizaram confrontos nas ruas da Tailândia nos últimos anos.

Protesto "Queremos votar", em 2018, convocou os tailandeses para as ruas para exigir que a junta militar do general Prayut Chan-ocha realize as eleições que prometeu para um ano seguinte ao golpe de Estado de 2014 Foto: AP Photo/Sakchai Lalit

Ubolratana, uma personalidade extrovertida que contrasta com a do irmão, o rei Maha Vajiralongkorn, mais discreto, renunciou aos seus títulos reais ao casar com um americano há algumas décadas. Após o divórcio do casal, no entanto, ela retornou à Tailândia e ainda é considerada parte da família real. 

A Tailândia nunca teve um chefe de Governo da família real desde que se tornou uma monarquia constitucional em 1932. Usualmente, a família real tailandesa não se envolve no cotidiano político do país. / AFP, AP e EFE

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