Após as eleições parlamentares de dezembro, que desataram protestos por causa de alegações de fraude, a popularidade de Vladimir Putin, que já chegou a 70%, caiu para 38%, segundo as últimas pesquisas. É a mais baixa desde 2000, quando ele assumiu seu primeiro mandato como presidente. Para especialistas, as recentes manifestações por reformas políticas podem ser um embrião de uma onda de protestos socioeconômicos, como ocorre em países da Europa. Lilia Shevtsova, do Carnegie Moscow Center, acredita que, possivelmente, a partir do ano que vem, virão à tona os protestos contra com os graves problemas do país. "Ainda não sabemos, mas esse futuro movimento pode ser tão forte quanto os últimos protestos políticos. Serão pessoas insatisfeitas com a situação econômica. Essas insatisfações, em um determinado momento, devem se encontrar", aposta a especialista. "A população de grandes cidades, como Moscou e São Petersburgo, está frustrada com as eleições e com a continuidade de Putin como líder. Agora, a grande dúvida é se esses protestos realizados pela população urbana, jovem e de classe média, terão o apoio de outros setores da sociedade."Um grande protesto deve ser realizado antes das eleições de 4 de março. Depois que assumir a presidência, Putin terá as ferramentas necessárias para avaliar rapidamente os novos rumos da sociedade. "As pessoas continuarão protestando, novos partidos de oposição serão formados e eles lutarão pelo poder. O Kremlin não permitirá que nada disso ocorra. Mais cedo ou mais tarde, o governo será forçado, pela lógica do regime, a usar mecanismos repressivos", diz Lilia. O relatório de democracias da Economist sugere um futuro paralelo entre a Primavera Árabe e as recentes manifestações, mas aponta que essa tendência dependerá do comportamento da classe média russa. "O que sabemos com certeza é que o regime de Putin caminha para a agonia. Quanto tempo durará? Não sabemos, mas posso dizer que não encontrei nenhuma pessoa em Moscou recentemente que acredite que ele permanecerá até 2018 na presidência", comenta Lilia. / T. E.
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