PUBLICIDADE

Putin ordena cessar-fogo de Natal na Ucrânia após perdas militares em bombardeio

Presidente russo disse que decisão é por ocasião do Natal da Igreja Ortodoxa; Ucrânia chama de ‘hipocrisia’ e pede retirada das tropas russas

Foto do author Redação
Por Redação

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou o primeiro cessar-fogo na guerra na Ucrânia desde que as suas tropas invadiram o país, há quase um ano. A trégua acontece no momento em que a Rússia sofre perdas militares por causa da contraofensiva ucraniana, com pelo menos 89 soldados russos mortos em um bombardeio na província de Donetsk, no dia 31 de dezembro.

PUBLICIDADE

Segundo o Kremlin, os ataques serão suspensos durante 36 horas por ocasião do Natal da Igreja Ortodoxa, a partir das 6h (horário de Brasília) do dia 6 até 18h do dia 7. O anúncio seguiu o pedido do patriarca da Igreja Ortodoxa russa, Kirill, de uma pausa nos combates na véspera do feriado, comemorado no sábado, 7. “Em vista do chamado de Sua Santidade, o patriarca Kirill, instruo o ministro da Defesa da Rússia a introduzir um regime de cessar-fogo ao longo de toda linha de contato entre as partes na Ucrânia”, disse o Kremlin em nota.

Em paralelo, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, tentou negociar um “cessar-fogo unilateral” em conversas com Putin e com o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, para iniciar negociações de paz. A Ucrânia rejeitou o cessar-fogo e classificou a decisão russa como hipocrisia. “A Rússia deve deixar os territórios ocupados. Somente então haverá uma ‘trégua temporária’. Fique com sua hipocrisia”, tuitou Mikhailo Podoliak, assessor de Zelenski.

Tanque ucraniano coberto para camuflagem na região de Donetsk, leste do país, onde a guerra se agravou. Rússia ordenou trégua de dois dias aos seus militares Foto: Nicole Tung / NYT

No anúncio, Putin pediu às tropas ucranianas respeito à trégua para que os que professam a fé ortodoxa – majoritária na Ucrânia e na Rússia – possam “assistir aos serviços religiosos na véspera de Natal, assim como no Dia da Natividade de Cristo”.

Este seria o primeiro cessar-fogo em todo o território ucraniano desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro de 2022. Até agora, houve apenas acordos locais para a retirada de civis em áreas de conflito, como na cidade de Mariupol, no sudeste do país, em abril.

Durante a conversa com Erdogan, que tenta assumir o mediador do conflito desde o início, Putin afirmou estar disposto a um “diálogo sério” com a Ucrânia desde que as autoridades de Kiev aceitem “as novas realidades territoriais”, referindo-se às quatro regiões anexadas durante a guerra. A Ucrânia, no entanto, se recusa a negociar com os russos enquanto Putin estiver no poder e diz que quer recuperar todos os territórios. No Twitter, Mikhailo Podoliak acrescentou que o anúncio é um “mero gesto de propaganda”.

O pedido de cessar-fogo do patriarca Kirill, aliado de Putin, corre o risco de ter pouco impacto na Ucrânia, onde sua influência entrou em declínio nos últimos anos. Entre 2018 e 2019, estabeleceu-se na Ucrânia uma igreja independente da tutela religiosa russa. Em maio de 2022, pouco depois do início da invasão russa, a igreja ortodoxa ucraniana rompeu os laços com Moscou.

Publicidade

Ataques no leste

Na frente de batalha, os combates continuam intensos, especialmente em Bakhmut, no leste, que as tropas russas — apoiadas por mercenários do grupo Wagner — tentam controlar há meses. Segundo o balanço diário da Presidência ucraniana, cinco pessoas morreram, e oito ficaram feridas nas últimas 24 horas.

Em Chasiv Yar, uma localidade situada a menos de 20 km de Bakhmut, os moradores disseram à AFP que um míssil russo havia atingido um edifício, ferindo um homem e uma mulher. A explosão destruiu as janelas de um edifício contíguo e de um hospital, deixando muitos escombros pelo chão.

Mais ao sul, em Berislav, cidade próxima a Kherson, os bombardeios causaram a morte de duas pessoas, segundo o chefe adjunto da administração presidencial, Kirilo Timochenko. Outras duas morreram um ataque na província de Zaporizhzhia, também no sul, segundo o governador Oleksandr Starukh. /AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.