Jamil Chade, correspondente / Genebra
GENEBRA - O ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan - morto no sábado aos 80 anos - contou uma história curiosa certa vez durante um almoço descontraído em Genebra, cidade que ele escolheu como sua residência depois de deixar as Nações Unidas.
Segundo Annan, quando foi concluído seu mandato de dez anos no comando da ONU, ele e sua mulher optaram por sair de férias por um mês. Iriam para o norte da Escandinávia e ficariam em uma cabana na Finlândia.
O acordo era de que não teriam televisão e nem computador. O objetivo era "se desligar", depois de uma década de escândalos, crises humanitárias, guerra no Iraque e um mundo de problemas.
"Ao final da primeira semana, decidimos que não seria um problema caminhar até o vilarejo mais próximo e comprar o jornal", disse Annan. Ele sua mulher não estavam aguentando mais a situação de "desconexão".
Annan passou então a ir diariamente a uma pequena loja para comprar pão e jornal. Dias depois, o senhor que o atendia no balcão lhe confessou diante de outros clientes: "Sabemos todos aqui muito bem quem você é. Não adianta se disfarçar".
Orgulhoso por ser reconhecido até mesmo no interior de um país escandinavo, Annan pensou que sua tranquilidade de caminhar no anonimato havia terminado. Contudo, foi surpreendido com o restante da frase: "Senhor Morgan Freeman, pode nos dar um autógrafo?"
E ele deu. "Não queria decepcioná-los", justificou Annan, para a gargalhada de todos na mesa, sobre ser confundido com o ator americano de 81 anos.