Segundo o Ministério da Saúde iraquiano, um em cada dez cidadãos do país - três milhões de pessoas no total - possuem algum tipo de deficiência física ou mental desde o início da guerra no Iraque, em 2003.
Hamza Hameed é um dos três milhões de deficientes. Teve a perna direita amputada e um dos dedos da mão esquerda. Viveu preso em casa por um ano, até que precisou se jogar num rio para salvar o irmão que se afogava. Hameed hoje é um dos nadadores da equipe paraolímpica do Iraque e ganhou medalhas em torneios internacionais. Hameed, que mora com a mulher e os quatro filhos em um cômodo na casa dos pais, espera que o governo lhe dê uma casa. Ele recebe cerca de US$ 274 por mês do comitê paraolímpico.
ONGs admitem que é impossível precisar um número exato de vítimas, A Mercy Corps, com sede nos EUA, considera que esse é um prognóstico otimista, levando em conta que o país está em conflito desde 1977 (guerra entre Irã e Iraque, os bombardeios americanos e as sanções impostas durante o regime de Saddam Hussein).
O governo iraquiano não tem meios para dar apoio aos deficientes. O Ministério da Saúde possui apenas 21 centros de reabilitação e 12 laboratórios de próteses - não é possível abrir novas instalações por conta da falta de médicos e técnicos. Por conta da falta de matéria-prima, apenas um quarto dos amputados conseguem próteses. O Ministério do Trabalho e de Assuntos Sociais paga cerca de US$ 40 por mês para os deficientes.
A violência no Iraque diminuiu, mas os feridos são uma constante recordação de uma luta que matou mais de 100 mil iraquianos desde o início da invasão americana, em 2003. Durante a guerra entre o Irã e o Iraque, na década de 1980, um milhão de pessoas morreu em cada país.