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Soldados usam anfetaminas para combater o sono

Por Agencia Estado
Atualização:

Os soldados e pilotos americanos que combatem no deserto iraquiano consomem anfetaminas e outros estimulantes para vencer o cansaço e a falta de sono, admitiram porta-vozes militares. Os tripulantes dos tanques americanos podem dormir apenas duas horas diárias, muitas vezes deitados sobre o chão, na marcha rumo a Bagdá. Por sua vez, os pilotos dos aviões militares praticamente não descansam há oito dias, quando começaram os ataques sobre o Iraque. Os pilotos recorrem a um composto de dextro-anfetamina, uma variante da anfetamina, para manter a lucidez durante a ação, especialmente à noite. O professor John Caldwell, psicólogo e pesquisador do Warfighter Fatigue Countermeasure Program (Programa de Medidas contra a Fadiga dos Combatentes de Guerra), do Laboratório de Pesquisas Aeronáuticas do Texas, assegurou que os pilotos que consomem dextro-anfetamina "não cometem os erros dos outros" que não recebem o mesmo produto. No entanto, os dois pilotos americanos que mataram quatro soldados canadenses no Afeganistão atribuíram o "erro" cometido ao efeito da dextro-anfetamina, segundo a defesa apresentada perante um tribunal militar. Essa corte militar ainda irá decidir se o dois pilotos que mataram os canadenses sob "fogo amigo" devem ser conduzidos a uma corte marcial. A anfetamina é um composto químico usado habitualmente por esportistas que querem melhorar seu rendimento - prática proibida pelos regulamentos internacionais, que a consideram doping. Os produtos com anfetamina combatem o cansaço e melhoram o rendimento físico, mas provocam um estado de excitação que nem sempre permite distinguir entre amigos e inimigos. Os soldados americanos que há uma semana cruzaram a fronteira entre Kuwait e Iraque começaram a sentir o estresse, apesar do rigoroso treinamento a que são submetidos ao entrarem para o corpo dos fuzileiros navais. Entre as tempestades de areia, o meio hostil, o fantasma do inimigo feroz e supostamente disposto a todo tipo de atrocidades - além da falta de acampamentos descanso -, as tropas americanas começam a se perguntar quando poderão gozar de um dia inteiro para recuperar as horas atrasadas de sono. Os especialistas começaram a falar da ameaça do "sleep deprivation" (depressão por falta de sono) dos militares americanos e britânicos. Além disso, quando ocorre um confronto bélico, ou cresce a chance de um ataque ou ainda quando se perde o contato com uma patrulha ou um helicóptero, a tensão aumenta e ninguém consegue fechar o olho, como puderam comprovar os jornalistas que acompanham as tropas de ocupação. Segundo os especialistas, qualquer pessoa precisa dormir oito horas para funcionar com lucidez e agilidade física e mental. Do contrário, o sistema nervoso central começa a perturbar-se, afirmou Michael Thorpy, diretor do Sleep-Wake Disorder Center, do Hospital Montefiore, de Nova York. Quando ocorre um déficit de sono, a capacidade cerebral fica reduzida nas operações de concentração e coordenação de movimentos, acrescentou o especialista. Para os que operam com armas e em clima de tensão, a falta de sono conduz a erros mortais. Thorpy destacou que, segundo estudos realizados por seu instituto, em quem passa 24 horas sem dormir a capacidade de absorver dados fica reduzida em 25%. Os médicos que acompanham as tropas consideram que o melhor remédio é a "power nap", ou "cochilo de potência", que permite a recuperação de energia a quem consegue dormir duas horas, embora até mesmo 45 minutos possam constituir um repouso eficiente. Outra alternativa para vencer o cansaço é tomar muito café, infusão que os médicos recomendam às tropas. Veja o especial :

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