WASHINGTON - O secretário de Justiça dos EUA, William Barr, anunciou neste sábado, 20, que Donald Trump demitiu o principal promotor federal em Manhattan, que investigou os associados mais próximos do presidente, aprofundando uma crise sobre a independência da aplicação da lei e a expulsão de funcionários que o republicano considera desleais.
Trump demitiu o promotor Geoffrey S. Berman, advogado do governo americano no Distrito Sul de Nova York, depois deele se recusar a renunciar na sexta-feira à noite. O anúncio do presidente encerrou um conflito extraordinário sobre um escritório que esteve na vanguarda das investigações de corrupção no grupo próximo do presidente.
Seu escritório processou com sucesso o ex-advogado pessoal do presidente, Michael Cohen, que foi para a prisão, e está investigando o atual advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani.
Ele também investigou dois associados de Giuliani acusados de violar o financiamento da campanha e ajudar a derrotar o oponente de Trump, o candidato presidencial democrata Joe Biden, no escândalo na Ucrânia que levou ao julgamento de impeachment do presidente.
Berman também investigava crimes cometidos pelo financista e suposto molestador de crianças Jeffrey Epstein, que era amigo de Trump e foi encontrado morto em sua cela, em agosto.
Barr anunciou abruptamente a renúncia de Berman na noite de sexta-feira, mas o promotor rapidamente emitiu uma declaração negando que ele estivesse saindo. "Não renunciei e não tenho intenção de renunciar à minha posição", disse Berman, acrescentando que soube que estava "deixando o cargo" em um comunicado de imprensa do Departamento de Justiça.
Em comunicado divulgado neste sábado, Barr disse Berman "escolheu o espetáculo público em detrimento do serviço público". "Como você declarou que não tem intenção de renunciar, pedi ao presidente que o removesse a partir de hoje, e ele o fez", dizia a declaração.
Ele disse que a principal assessora de Berman, Audrey Strauss, se tornaria a advogada interina dos EUA na vaga.
A disputa sobre um dos trabalhos de maior prestígio do Departamento de Justiça ocorreu enquanto a agência já estava sendo questionada se Barr havia prejudicado sua tradição de independência em relação a interferências políticas./NYT e AFP