PUBLICIDADE

Venezuela chama de ‘provocação infeliz’ exercícios militares entre Guiana e EUA

Na quarta-feira, ditadura chavista acusou o presidente da Guiana, Irfaan Ali, de dar “sinal verde” para as bases militares dos EUA no Essequibo.

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, rejeitou nesta quinta-feira, 7, os exercícios militares conjuntos entre os Estados Unidos e a Guiana, anunciados pelo Comando Sul do Exército americano.

PUBLICIDADE

“Essa infeliz provocação dos Estados Unidos em favor dos pretorianos da ExxonMobil na Guiana é mais um passo na direção errada. Alertamos que eles não nos desviarão de nossas ações futuras para a recuperação do Essequibo...Não se enganem, Viva Venezuela!”, escreveu Padrino na rede social X.

Na quarta-feira, 6, a ditadura chavista acusou o presidente da Guiana, Irfaan Ali, de dar “sinal verde” para as bases militares dos EUA no Essequibo.

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino Lopez, conversa com jornalistas após plebiscito sobre o Essequibo Foto: Leonardo Fernandez Viloria / REUTERS

“Ele irresponsavelmente deu sinal verde para a presença do Comando Sul dos Estados Unidos no território da Guiana Esequiba”, disse um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da ditadura chavista.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, conversou com Ali na quarta-feira para “reafirmar o apoio inabalável dos Estados Unidos à soberania da Guiana”, informou o Departamento de Estado.

Blinken pediu “uma solução pacífica” e que as partes “respeitem a sentença arbitral de 1899, que determina a fronteira terrestre entre a Venezuela e a Guiana”, a menos que “cheguem a um novo acordo ou que um órgão jurídico competente decida de outra forma”.

O presidente Mohamed Irfaan Ali, da Guiana, discursa na 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas na sede da ONU em Nova York na quarta-feira, 20 de setembro de 2023.  Foto: Maansi Srivastava / NYT

Os Exercícios na região do Essequibo foram anunciados pela embaixada dos EUA em Georgetown. Em um comunicado, o órgão diz se tratar de “operações de rotina” com o objetivo de aprimorar a parceria militar entre os dois países e “fortalecer a cooperação regional”.

Publicidade

As operações serão conduzidas pelo Comando Sul dos EUA, que possui acordos de cooperação militar com a Guiana para preparação de desastres, segurança aérea e marítima e combate a organizações criminosas transnacionais. “Os EUA seguem comprometidos em ser um parceiro de segurança confiável para a Guiana”, informa o comunicado.

Os exercícios ocorrem no momento em que as tensões em torno da região, reivindicada pela Venezuela e pela Guiana, crescem após os resultados do plebiscito venezuelano no domingo, 3, considerarem o Essequibo como parte de seu território. A região é rica em petróleo e corresponde a 70% da área da Guiana hoje.

Na avaliação do diretor do instituto de segurança Cetris e professor-visitante da National Defense University (Washington), Salvador Raza, os exercícios atuais não se tratam de rotineiros, apesar do anúncio. Ele, que atuou na cooperação militar dos EUA na Guiana, destaca que é a primeira vez que os americanos farão uma operação com o país que envolve aeronaves. “Exercícios com meios militares efetivos (aéreos no caso) não eram realizados com a Guiana”, disse. “Nesse momento, carrega em si a mensagem de presença, alinhamento de interesses e determinação dos EUA na segurança da Guiana.”

Ofensiva chavista

Na terça-feira, o ditador Nicolás Maduro ampliou os temores de que a crise pode ganhar consequências imprevisíveis ao anunciar processos para criar um 25º Estado na região do Essequibo e explorar petróleo na região.

Além disso, o ditador montará um posto militar avançado na pequena cidade de Tumeremo, dentro do território da Venezuela, perto da fronteira com a Guiana, para supervisionar o novo Estado – embora ele não tenha anunciado nenhuma incursão.

Ele designou o general Alexis Rodríguez Cabello como autoridade única do território de 160 mil quilômetros quadrados. O governo venezuelano não esclareceu como pretende aplicar o decreto anunciado.

Posição brasileira

Na cúpula do Mercosul, no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que o bloco não pode ficar “alheio” à crise entre a Venezuela e a Guiana na disputa territorial pelo Essequibo. Lula abriu a Cúpula do bloco sul-americano no Museu do Amanhã, Rio de Janeiro, em meio à escalada do conflito e propôs uma declaração em defesa da paz.

Publicidade

“Estamos acompanhando com preocupação a situação no Essequibo”, disse Lula. “O Mercosul não pode ficar alheio”, continuou o petista acrescentando que esse tema não deve “contaminar” a agenda da integração regional, que tem sido defendida pelo Brasil durante a Cúpula do Mercosul.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.