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Como fãs de Taylor Swift e BTS movimentaram segundo turno das eleições argentinas

Javier Milei quer ser o próximo presidente da Argentina, mas primeiro ele deve contornar legiões de fãs furiosos das estrelas pop

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Por Natalie Alcoba

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Javier Milei, um economista libertário de extrema direita, manteve-se no topo da campanha presidencial da Argentina graças aos votos dos jovens.

Macarena, 29 anos, membro de um grupo que convoca os fãs de Taylor Swift a votarem contra o candidato presidencial argentino Javier Milei. Ela se recusou a fornecer seu nome completo porque disse que o grupo havia sido ameaçado. Foto: Anita Pouchard Serra/The New York Times

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Para vencer o segundo turno das eleições neste domingo, 19, ele precisará manter esse grupo demográfico importante, dizem as pesquisas. Mas agora, há um grande obstáculo em seu caminho: os Swifties.

Esquadrões de fãs argentinos da estrela pop Taylor Swift se tornaram políticos. Eles direcionaram suas atenções on-line para Milei e seu partido libertário em ascensão, considerando-os um perigo para a Argentina, enquanto a própria Swift se preparava para desembarcar na Argentina para o lançamento de sua turnê The Eras Tour fora da América do Norte.

“Milei = Trump”, dizia uma postagem de um grupo chamado Swifties Against Freedom Advances (Swifties contra “A Liberdade Avança”), que é o nome do partido de Milei.

Depois que Milei ficou em segundo lugar nas eleições argentinas no mês passado, indo para o segundo turno, um grupo de 10 fãs argentinos de Swift criou o grupo e divulgou um comunicado à imprensa convocando outros fãs a votarem contra Milei. Eles disseram que foram inspirados pelos esforços anteriores de Swift para confrontar políticos de direita nos Estados Unidos.

“Não podemos deixar de lutar depois de ouvir e ver Taylor se esforçar tanto para que a direita não vencesse em seu país”, disse o grupo no comunicado. “Como diz Taylor, temos que estar do lado certo da história.”

A missiva de duas páginas foi vista 1,5 milhão de vezes no X, o site anteriormente conhecido como Twitter, antes da conta do grupo ser suspensa sem explicação, disse o grupo.

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No comunicado, o grupo classificou as posições de Milei contra o aborto legal, seu apoio à flexibilização das leis sobre armas e suas propostas para reformar a educação pública e o serviço de saúde pública como “um perigo para a democracia”.

Milei ficou em segundo lugar nas eleições argentinas do mês passado, levando-o ao segundo turno em 19 de novembro. As pesquisas indicam que Milei é especialmente popular entre os eleitores jovens. Foto: Sarah Pabst/The New York Times

O comunicado também foi direcionado aos comentários de Milei que criticaram o feminismo, afirmaram que não existe uma diferença salarial entre homens e mulheres e se referiram às atrocidades cometidas pela ditadura militar argentina de 1976 a 1983 como simplesmente “excessos”.

Milei, em resposta, deu de ombros para os Swifties. “Não sou da extrema direita”, disse ele a uma estação de rádio. “Eles podem expressar o que quiserem”. Sua campanha se recusou a comentar.

Swift, que fará shows em São Paulo na próxima semana, não comentou publicamente sobre a eleição argentina.

As críticas dos Swifties a Milei desviaram a conversa para suas visões sociais conservadoras e para longe de suas propostas drásticas para reverter a crise econômica da Argentina, que incluem a troca do peso argentino pelo dólar americano e o fechamento do banco central do país.

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Mas não são apenas os Swifties que estão se organizando contra Milei. Ele e sua companheira de chapa, Victoria Villarruel, também estão enfrentando críticas de legiões de fãs leais de outro grande sucesso musical, a banda de K-pop BTS. Eles são tão ativos e organizados na Internet que se tornaram conhecidos como o BTS Army.

Na semana passada, a fúria desse exército foi lançada sobre Villarruel depois que uma série de seus tuítes difamando o grupo de K-pop ressurgiu. Em 2020, ela comparou o nome BTS a uma doença sexualmente transmissível. Ela também zombou dos cabelos tingidos de rosa e verde de alguns membros.

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Esses tuítes geraram uma resposta tão feroz dos fãs do BTS, acusando-a de xenofobia, que um grande fã-clube do BTS na Argentina se sentiu compelido a tentar acalmar seus colegas fãs. “A mensagem que o BTS sempre transmite é de respeito a si mesmo e a todos os outros”, disse um comunicado do clube, que foi visto 1,9 milhão de vezes, segundo o X.

Um fã da Sra. Swift usando uma pulseira com o nome do oponente de Milei, Sergio Massa.  Foto: Anita Pouchard Serra/The New York Times

A única resposta on-line de Villaruel à reação negativa dos fãs do BTS foi uma postagem em que ela chamou sua postagem sobre DST como parte de “bate-papos engraçados” de “mil anos atrás”.

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A base política de Milei depende particularmente dos eleitores jovens. Uma pesquisa feita com 2.400 pessoas em outubro mostrou que quase 27% de seu apoio veio de pessoas entre 17 e 25 anos, contra menos de 9% para Sergio Massa, o ministro da economia de centro-esquerda que se opõe a Milei no segundo turno. Pessoas com menos de 29 anos representam 27% de todos os eleitores elegíveis na Argentina.

Muitos eleitores jovens disseram ver Milei, que passou a usar jaquetas de couro e empunhar uma serra elétrica em eventos de campanha, como o candidato outsider “legal” que também se tornou uma espécie de meme on-line.

Swift evitou a política durante a maior parte de sua carreira. Mas em 2018 ela quebrou seu silêncio para se opor à candidata republicana ao Senado, Marsha Blackburn, no estado natal de Swift, o Tennessee, ajudando a desencadear um aumento nos registros de jovens eleitores nas eleições de meio de mandato dos EUA naquele ano.

E os comentários de Swift em um documentário de 2020, no qual ela disse que havia decidido se opor publicamente a Trump apesar do risco para sua carreira, têm circulado amplamente na Argentina nas últimas semanas.

Barbara Alcibiade, 22, que está acampando perto do estádio onde Swift se apresentará, disse que as ações políticas de alguns Swifties não representaram todos os seus fãs.  Foto: Anita Pouchard Serra/The New York Times

Os fãs do BTS são sua própria força política, tendo provavelmente ajudado a suprimir o comparecimento em um comício de Trump em Tulsa, Oklahoma, em 2020, reservando assentos e não comparecendo.

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Do lado de fora do estádio de futebol River Plate, em Buenos Aires, onde Swift se apresentou na semana passada, um contingente de Swifties acampou para assistir ao show. Muitos disseram que não estavam dispostos a misturar política com música.

“A realidade dos Estados Unidos é muito diferente da realidade que estamos vivendo aqui”, disse Barbara Alcibiade, 22 anos, chef de confeitaria. “É verdade que uma grande porcentagem de fãs pode ou não seguir certos ideais ou os valores que ela representa, mas isso não significa que eles representem todo mundo.”

Os Swifties por trás do comunicado à imprensa anti-Milei disseram que nunca alegaram falar em nome de Swift ou de todos os seus fãs. “É por isso que tomamos muito cuidado para não dizer que Taylor não votaria em Javier Milei”, disse uma das integrantes, Macarena, de 29 anos, que não quis dar seu sobrenome porque disse que o grupo havia recebido ameaças on-line.

Mas para Macarena e seus amigos, os paralelos entre Milei e Trump são claros. “Não há nenhuma declaração de Taylor que você possa usar para dizer que eu vou votar em um candidato da extrema direita”, disse ela.

Antes da chegada de Swift, a Legislatura de Buenos Aires votou na quinta-feira para nomear Swift como convidada de honra. Os únicos representantes que votaram contra a proposta foram os membros do partido de Milei. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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