Por que o filtro solar é o único produto anti-idade de que você precisa

Alguns sinais de da idade surgem naturalmente, mas até 80% das alterações associadas ao envelhecimento são, na verdade, causadas pelos raios solares ultravioleta

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Por Dana G. Smith

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Você já viu a pele das nádegas de uma pessoa de 90 anos? A dermatologista Fayne Frey, autora de The Skincare Hoax (A farsa dos cuidados com a pele, em tradução livre), garantiu: “É linda. Há pouquíssimo pigmento, muito poucas rugas e quase não se veem vasos sanguíneos.”

Em comparação, na pele do rosto de um nonagenário é provável que se observem manchas marrons, descamação, vasos sanguíneos visíveis, um número muito maior de rugas e uma aparência geralmente amarelada.

Os raios do sol são responsáveis pela maioria das mudanças na pele ao longo do envelhecimento - e a melhor maneira de evitá-las é usando filtro solar. Foto: Carmen Casado/The New York Times

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Alguns sinais de envelhecimento, como as rugas finas, surgem naturalmente com o passar do tempo. Mas Frey informou que até 80 por cento das alterações na pele que associamos ao envelhecimento são, na verdade, causadas pelos raios solares ultravioleta (UV). A melhor forma de evitá-los, além de permanecer em ambientes internos, à sombra ou com proteção adequada, é o uso do protetor solar.

Sua eficácia em prevenir queimaduras solares e evitar o câncer de pele é amplamente conhecida, mas muitos dermatologistas afirmam que também é o melhor produto para retardar os sinais de envelhecimento cutâneo. A seguir, veja o que você precisa saber sobre como os raios UV influenciam o envelhecimento da pele e como o protetor solar ajuda a minimizar esses efeitos.

Como os raios UV danificam a pele

Existem duas categorias de luz ultravioleta: A e B. Os comprimentos de onda UVB são mais curtos e afetam principalmente a camada superficial da pele. Já os raios UVA são mais longos e podem penetrar mais profundamente (também conseguem atravessar o vidro; portanto, não presuma que uma janela protege com eficácia contra os danos causados pelo sol).

Anos de exposição aos raios UVA e UVB causam danos aos queratinócitos, as células da camada superficial da pele. Esse processo resulta em uma pele avermelhada, áspera e com manchas descamativas, condição chamada ceratose actínica. “Isso se deve a mutações no DNA que ocorrem especificamente nos queratinócitos, fazendo com que proliferem e se tornem anormais”, explicou a dra. Lena Von Schuckmann, dermatologista e pesquisadora clínica da Universidade de Queensland, na Austrália. Em alguns casos, a ceratose actínica pode se tornar cancerosa.

Abaixo dos queratinócitos estão os melanócitos, as células responsáveis pela produção de melanina e pelo escurecimento da pele. Os raios UVA ativam principalmente essas células, resultando em um bronzeado. (A queimadura solar é diferente; é causada por raios UVB que ferem a camada superior da pele). Com a exposição prolongada aos raios UV, os melanócitos são danificados, resultando em hiperpigmentação permanente. Essas manchas marrons são às vezes chamadas de melasmas, manchas senis, manchas hepáticas, ou identificadas por seu nome técnico: lentigos solares.

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O colágeno e a elastina, responsáveis por manter a pele elástica e flexível, estão presentes na camada imediatamente inferior. Os raios UVA provocam a quebra dessas proteínas, causando rugas à medida que a pele perde sua elasticidade, bem como o afinamento da pele, tornando os vasos sanguíneos mais visíveis.

Não existe uma maneira efetiva de aumentar o colágeno e a elastina artificialmente (há poucas provas do poder dos suplementos e cremes), mas as células chamadas fibroblastos continuam a produzir essas proteínas à medida que envelhecemos, embora a produção se reduza. Como consequência, alguns dermatologistas afirmam que pode ser possível reverter certos sinais de envelhecimento.

Segundo o dr. Henry Lim, dermatologista da Henry Ford Health e ex-presidente da Academia Americana de Dermatologia, se a pessoa começar a usar protetor solar cedo e de forma consistente, e os fibroblastos ainda forem jovens ou saudáveis o suficiente para produzir mais colágeno, a aparência das rugas poderá diminuir com o tempo. A chave é garantir que os níveis de colágeno não sejam reduzidos ainda mais pela exposição ao sol enquanto as células trabalham para repor a proteína.

Mas Von Schuckmann disse que as opiniões ainda estão divididas: “Temos estudos que mostram que o protetor solar usado diariamente reduz o envelhecimento da pele. No entanto, diferenciar se ele realmente reverte esse envelhecimento é um pouco difícil.”

Como o protetor solar evita os sinais de envelhecimento

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O protetor solar evita danos ao impedir que os raios UV atinjam e penetrem a pele. Existem dois tipos de ingredientes em protetores solares: os minerais e os químicos.

Os ingredientes minerais, ou seja, o óxido de zinco e o dióxido de titânio, atuam como uma barreira física, refletindo a luz ultravioleta na pele. (Nossos olhos conseguem detectar esse reflexo de luz, motivo pelo qual esses protetores solares parecem deixar a pele esbranquiçada.) Os ingredientes químicos - como a avobenzona, a oxibenzona e o homosalato - absorvem os raios UV. Como ambos os tipos de protetor solar podem se degradar ou sair com o tempo, é importante reaplicar a cada duas horas e com mais frequência se a pessoa estiver nadando ou suando.

Em geral, os protetores solares têm maior eficácia em bloquear os raios UVB mais curtos do que os raios UVA mais longos. O fator de proteção solar, ou FPS, refere-se apenas à eficácia na prevenção de queimaduras solares, ou seja, no bloqueio aos raios UVB.

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Frey afirmou que apenas alguns dos ingredientes aprovados para uso nos Estados Unidos bloqueiam os raios UVA: a avobenzona, a oxibenzona, o óxido de zinco e, em menor grau, o dióxido de titânio. Para ter certeza de que um protetor solar oferece proteção UVA, procure um com esses ingredientes ou verifique se é classificado como de “amplo espectro”, o que significa que impede a penetração dos comprimentos de onda mais longos. (Ingredientes mais novos disponíveis na Europa são mais eficazes contra os raios UVA; alguns estão sendo analisados pela FDA, agência norte-americana responsável pelo controle de alimentos e medicamentos.)

Ao escolher o melhor protetor solar para prevenir sinais de envelhecimento, Von Schuckmann aconselhou procurar um que seja de amplo espectro e com FPS 50 ou superior; não faz diferença se é uma formulação química ou mineral. “O mais importante é realmente aplicar o produto na pele toda manhã.”

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