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'Mesquinho e amável' é como filha de Steve Jobs descreve o pai em livro

Lisa Brennan-Jobs, hoje com 40 anos, conta detalhes sobre sua conturbada infância e adolescência sendo negada pelo pai

Por Redação Link
Atualização:
Filha do fundador da Apple começou livro em 2011, mas desistiu do projeto inicialmente por ter medo de ser retratada como alguém que estava tirando vantagem da morte do pai Foto: NYT

Mesquinho, mas amável. É essa imagem que Lisa Brennan-Jobs, primogênita do fundador da Apple, Steve Jobs, quer que as pessoas tenham do próprio pai depois de ler Small Fry (ainda sem tradução para o português), seu livro de memórias que contará a relação conturbada entre os dois. O livro só estará disponível para venda nos Estados Unidos no dia 4 de setembro, mas o jornal The New York Times teve acesso a uma prévia e publicou uma reportagem sobre o assunto.

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Segundo o jornal, o pano do fundo do livro é a vida de Lisa no Vale do Silício na década de 1980, onde hippies e artistas se relacionavam com pioneiros da tecnologia para criar projetos para o futuro. 

Lisa é fruto do relacionamento de Jobs e da artista Chrisann Brennan, que se conheceram quando estudaram na escola de segundo grau de Cupertino – ambos tinham 23 anos quando Lisa nasceu. Steve negou a paternidade da menina até mesmo quando testes de DNA confirmarem o relacionamento consanguíneo. O bilionário só passou a pagar pensão depois de uma determinação da Justiça americana.

Casos. Para fazer o livro, Lisa entrevistou por anos seus familiares, ex-namoradas do pai e ex-namorados da mãe. Mas o tempero do livro fica por conta das passagens obscuras de pai e filha, como a vez em que Jobs disse que compraria uma casa para Lisa e a mãe morarem, mas acabou adquirido o imóvel para se mudar com sua segunda esposa, Lauren Powell Jobs.

A herdeira também cita casos em que foi obrigada por Steve a presenciar momentos íntimos dele com a madrasta, além de xingamentos e desafetos.

Apesar disso, Lisa tenta mostrar em seu livro que nem tudo é tragédia. Ela relata momentos inesperados de felicidade com o pai. Em um deles, a garota estava em uma viagem ao Japão com a escola e se deparou com o pai, que fez uma visita surpresa ao país para que eles tivessem um dia de diversão. Foi neste dia, lembra Lisa que seu pai falou sobre Deus e consciência.

A relação conturbada entre Lisa e Steve também não é exatamente uma novidade. Em quase todas as biografias publicadas sobre o empreendedor, há relatos de falta de atenção, carinho e até negação sobre a filha.

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Em entrevista ao NYT, Lisa deixa claro que o livro não tem como objetivodemonizar o pai. “Será que eu fracassei em representar o carinho e o prazer? O carinho de meu pai e o imenso prazer de estar com ele, quando ele estava em boa forma?”, se questionou ao jornal.

O livro começou a ser feito em 2011, logo após a morte do pai. Originalmente, a publicação seria exclusividade de Penguin Press, mas Lisa desistiu da parceria depois de sentir medo de ser retratada como alguém que estava tentando tirar vantagem do legado de seu pai.

Livro tem imagens e descrições de Jobs na intimidade Foto: Lisa Brennan Jobs/NYT

Negação. Assim como o NYT, familiares e amigos de Jobs também tiveram acesso a cópias iniciais do livro. A viúva de Jobs e as irmãs de Lisa disseram ao jornal que a história contada por Lisa “difere dramaticamente”  de suas memórias do período e que “o retrato que ela fez de Steve não é do marido e pai que conhecemos”.

Lisa diz que escreveu Small Fry para tentar entender por que seu pai escolheu privá-la da vida confortável, ao mesmo tempo em que deixou que seus outros filhos, do casamento com Laura Powell Jobs, tivessem livre acesso ao seu dinheiro. Ela diz que agora entende que foi para ensiná-la que o dinheiro pode corromper. “Ele não fez a coisa do jeito certo. Não aplicou o sistema igualitariamente. Mas me sinto grata mesmo assim”, diz.

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