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Delatora do Facebook se diz ‘otimista’ com a compra do Twitter por Elon Musk

Frances Haugen endossa estratégias de Musk e acredita que bilionário tem grande oportunidade de mudar a rede social

Por Redação Link
Atualização:
Frances Huagen deu origem ao escândalo do Facebook Papers e chegou a prestar depoimento no Congresso dos EUA em outubro de 2021 Foto: Drew Angerer/Reuters

Frances Haugen, a ex-funcionária do Facebook que ficou conhecida por delatar a empresa no ano passado, afirmou que está “cautelosamente otimista” com a compra do Twitter pelo bilionário Elon Musk, concretizada na última segunda-feira, 25. 

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Haugen, que trabalhou como gerente de produto na equipe de integridade cívica do Facebook, foi a responsável por vazar documentos internos da rede social em outubro de 2021, que apontavam que a empresa priorizou o lucro e o engajamento em detrimento da segurança de seus usuários. O escândalo teve repercussão mundial e ficou conhecido como Facebook Papers

Em entrevista ao canal norte-americano Fox Business, Haugen disse que a compra do Twitter por Elon Musk (e sua estratégia de tornar a rede uma empresa privada, sem acionistas) pode significar a chance de mudar o modelo de negócio da companhia, priorizando a segurança dos usuários e sem maiores pressões para gerar lucro aos investidores. 

“Desde a minha primeira declaração sobre o Facebook, mantenho o pensamento de que os problemas que as redes sociais estão enfrentando são consequências do modelo de negócio adotado pelas empresas”, disse Haugen. Para ela, há uma “grande oportunidade” para Elon Musk mostrar que existe outro caminho a ser seguido. 

Segundo a ex-funcionária do Facebook, Mark Zuckerberg cercou a administração da empresa de pessoas que falam apenas “o que ele quer ouvir” e, na visão dela, Musk parece ser alguém com maior capacidade de receber um “feedback duro e promover mudanças necessárias”. 

Transparência 

Na entrevista, além de enxergar o possível modelo de capital fechado da empresa como mais adequado para promover mudanças, Haugen também deu especial destaque à proposta de Elon Musk de tornar público o algoritmo da rede

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“A coisa mais importante que Musk pode fazer é instituir transparência real. Por meio da transparência ele vai provar que está agindo alinhado com o bem público e é uma maneira de passar confiança à população sobre sua capacidade de executar o sistema”, disse. “Um ponto central para o funcionamento do Twitter no processo democrático é se as pessoas acreditam que o modelo de funcionamento da rede é justo ou não. Então, eu diria que a confiança das pessoas no Twitter poderá mudar (com os algoritmos públicos)”, acrescentou.

As revelações de Haugen sobre o Facebook

Entre as revelações trazidas à tona no Facebook Papers, estão documentos que comprovam que o Facebook foi alertado por funcionários sobre a disseminação de desinformação e discurso de ódio antes das eleições americanas de 2020 e também em países como a Índia. Além disso, pesquisas internas da empresa revelam que os algoritmos da plataforma impulsionam conteúdos de movimentos conspiratórios como o QAnon.

Um dos primeiros dossies vazados por Haugen também indicou que o Facebook aumenta o alcance de publicações de ódio, permite a circulação de conteúdos sobre tráfico humano e de drogas, trata celebridades e políticos com regras diferenciadas e não mantém o mesmo nível de moderação em países fora dos Estados Unidos. 

Também foram divulgados detalhes sobre o impacto do Instagram na saúde mental de crianças e adolescentes: estudos feitos pela própria empresa mostraram que 1 em cada 3 meninas que se sentiam mal com o próprio corpo ficavam ainda pior ao acessar o Instagram.

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