A planejada criptomoeda do Facebook, a libra, será vinculada a moedas nacionais individuais e supervisionada por autoridades globais em uma reformulação que espera obter aprovação regulatória. A mudança foi anunciada nesta quinta-feira, 16, pela Libra Association, consórcio que está por trás da criação da moeda.
Segundo analistas, a nova estratégia se deve à intensa preocupação global gerada pela moeda – muitas autoridades monetárias se preocuparam que o uso da libra pelos 2,5 bilhões de usuários do Facebook poderia erodir o controle soberano de moedas.
A Libra Association, que está buscando aprovação para a moeda junto a reguladores suíços, afirmou nesta quinta-feira que vai oferecer “stablecoins” baseadas em moedas únicas, bem como apresentou um token redesenhado com base nestas moedas.
O plano original para a libra, revelada em junho do ano passado, era que ela seria lastreada por uma ampla variedade de moedas e títulos de dívida governamental. Mas bancos centrais e reguladores tiveram receios de que a libra tinha potencial para desestabilizar políticas monetárias, facilitar a lavagem de dinheiro e prejudicar a privacidade dos usuários.
Em resposta, a Associação Libra, encarregada pela emissão da moeda digital e pela administração de sua rede, afirmou que um “colegiado” de bancos centrais, reguladores e agências governamentais de mais de 20 países indicados pela agência financeira suíça Finma será ouvido em uma tentativa de ser uma fornecedora de serviços de pagamento na Suíça.
O plano original para a libra previa que o lançamento da moeda ocorreria até o final de junho, mas agora a associação espera que isso ocorra entre meados de novembro e o final do ano, disse Dante Disparte, chefe de comunicação da entidade.
A Associação Libra afirmou que vai oferecer stablecoins baseadas em uma relação ainda não definida de moedas individuais. A entidade citou stablecoins baseadas no dólar, euro e libra esterlina como exemplos.
“Estamos mantendo a arquitetura de uma libra de múltiplas moedas, mas fundamentalmente diferente e simplificada em relação ao plano original”, disse Christian Catalini, economista-chefe da Calibra, a carteira digital do Facebook que oferecerá a libra por meio dos aplicativos da rede social Messenger e WhatsApp.
A associação também afirmou que vai ampliar as proteções para a reserva da libra no caso de “estresse extremo do mercado”. A reserva vai deter ativos líquidos com vencimentos de curto prazo e baixo risco de crédito e um nível de capital que ainda não foi decidido.
Outra mudança é que a associação agora planeja reforçar as salvaguardas contra lavagem de dinheiro ou financiamento ao terrorismo. A entidade vai se registrar junto à Rede de Combate a Crimes Financeiros do Tesouro dos Estados Unidos (FinCEN) como uma empresa de serviços monetários, uma ação que exigirá da Associação Libra padrões mais elevados de registros e de divulgação de informações.
Bancos centrais aceleraram seus trabalhos para emissão de suas próprias moedas digitais, conhecidas como CBDCs, em resposta à libra. A China é o país mais próximo de lançar uma enquanto países do Ocidente ainda parecem distantes de fazer isso. A associação afirmou ainda que o redesenho da libra permitirá aos governos uma “integração direta” de qualquer futura CBDC em sua rede.