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Uber está atrás do Google em carros autônomos, diz Travis Kalanick

Ex-presidente executivo do aplicativo de transportes disse em tribunal que contratou Anthony Levandowski, ex-Google, para recuperar terreno contra a rival

Por Agências
Atualização:
Travis Kalanick deixa o tribunal, em São Francisco, após testemunhar no caso Uber x Waymo Foto: AFP

O ex-presidente executivo do Uber, Travis Kalanick, admitiu em um julgamento nesta terça-feira, 6, que a contratação de Anthony Levandowski, ex-engenheiro da divisão de carros autônomos do Google, a Waymo, foi parte de um esquema da empresa para tentar recuperar o terreno perdido na tecnologia de veículos sem motorista. 

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No julgamento, que tenta decidir se o Uber roubou tecnologia de sensores criada pela Waymo, Travis Kalanick falou pela primeira vez sobre o assunto. Para o executivo, o Uber estava – e permanece – atrás do rival no desenvolvimento de tecnologias para os carros sem motorista. Questionado pelo advogado da Waymo, Charles Verhoeven, se o Google liderava o setor, Kalanick disse que "acredito que essa é a percepção geral agora." 

No tribunal, Kalanick também revelou que começou as negociações para contratar Levandowski quando este ainda trabalhava na Waymo. Meses após deixar a empresa do Google, Levandowski fundou a Otto, uma startup de caminhões, que foi comprada pelo Uber por cerca de US$ 680 milhões meses após começar suas operações. "Olhe, eu queria contratar Anthony e ele queria começar uma empresa. Então eu quis uma situação na qual ele poderia sentir que teve uma empresa e eu poderia sentir que o contratei", declarou o executivo. 

Entenda o caso. O processo entre Waymo e Uber se arrasta há mais de um ano. A acusação principal é a de que Anthony Levandowski, que chegou a liderar o projeto de carro autônomo do Uber, roubou 14 mil arquivos de sua antiga empresa em dezembro de 2015. O júri terá de decidir se os documentos roubados, que descrevem a tecnologia de sensores LiDaR, eram secretos ou de conhecimento comum, e se o Uber os utilizou de forma imprópria. 

A Waymo tem tentado posicionar Kalanick como uma figura central no caso, enfatizando sua natureza competitiva. O resultado da disputa pode determinar qual das duas gigantes do Vale do Silício pode sair na frente no crescente campo dos carros autônomos. 

O julgamento ainda representa uma das primeiras aparições públicas de Kalanick desde que este deixou o cargo de presidente executivo do Uber, em junho do ano passado, em meio a uma grave crise na empresa. A gestão de Kalanick foi marcada, em seus últimos meses, por diversas polêmicas – de denúncias de assédio sexual a acusações de espionagem a rivais e governantes, bem como falhas de segurança, além do processo contra a Waymo. 

Kalanick é a sexta testemunha chamada pela Waymo para falar no caso desde segunda-feira, quando o julgamento começou. O caso está sendo julgado por um júri de dez pessoas – Kalanick também deve testemunhar pelo lado do Uber.

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Falha de segurança. Nesta terça-feira, 6, o Uber também revelou mais detalhes sobre a falha de segurança que expôs dados de 57 milhões de passageiros em 2016. Segundo a empresa, 25 milhões de usuários afetados vivem nos Estados Unidos, sendo 4,1 milhões de motoristas.

Os hackers, disse o Uber, viviam no Canadá e na Flórida na época dos ataques – os dados, porém, não foram vazados porque o Uber pagou US$ 100 mil aos cibercriminosos. A empresa está sendo investigada por não ter informado o vazamento às autoridades norte-americanas. 

Nesta terça-feira, 6, em uma sessão no Congresso americano, o Uber mais uma vez assumiu seu erro. "Falhamos ao não informar nossos consumidores e falhamos ao não falar da falha para as autoridades responsáveis", disse John Flynn, novo diretor de segurança da empresa. 

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