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A essência do BuzzFeed é fazer conteúdo se espalhar pela rede

Startup se apoia na produção centralizada

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Por Filipe Serrano
Atualização:

Startup se apoia na produção centralizada

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* Publicado no 'Link' em 6/8/2012.

Há muito que se discute como a criação de notícias pode se adaptar ao ambiente online - de consumo e produção de conteúdo disseminados -, onde as diferenças entre o criador e audiência são tênues. Embora haja muitas experiências boas, Jonah Peretti, criador do BuzzFeed, parece ter encontrado um caminho diferente e é um exemplo de como a tecnologia, aliada à produção de conteúdo, pode ser boa para um site de notícia e entretenimento.

Peretti, de 38 anos, foi um dos fundadores do Huffington Post e saiu depois da venda do site para a AOL no ano passado para tocar o BuzzFeed, que ele fundou em 2008. O site parte da ideia de que a construção de uma audiência na internet depende muito daquilo que é compartilhado entre as pessoas.

Em uma apresentação que fez em 2010, Peretti definiu a audiência online como uma rede formada basicamente por pessoas entediadas no trabalho ("Bored at Work Network"), ansiosas por mandar para amigos conteúdo engraçado, curioso, espantoso - enfim, que provoca algum tipo de sentimento que as fazem compartilhar o link. "O conteúdo é mais viral se ajuda as pessoas a expressar seus desvios de personalidade", dizia um dos slides de sua apresentação na época.

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É um tanto assustador pensar que, para se dar bem online, é preciso apelar às ansiedades da audiência. Mas Peretti queria usar isso de uma maneira séria. E sabia que não era à toa que muitos dos links que as pessoas publicam no Facebook, Twitter, ou mandam por e-mail ou Gtalk e MSN são vídeos, fotos ou textos que provocam esse tipo de sentimentos. Decidiu então criar um site com esse princípio.

No começo, o BuzzFeed produzia pouco, mas usava um algoritmo próprio para medir a popularidade de determinado conteúdo. E reunia os posts mais compartilhados feitos por sites de parceiros, como College Humor, The Daily Beast e Huffington Post.

Desde o começo do ano, quando recebeu investimento de US$ 15 milhões, passou a contratar mais repórteres e editores para produzir notícias - sérias e engraçadas - usando a mesma metodologia. Afinal, notícia é para ser compartilhada. E, para ser compartilhada, tem de chamar a atenção.

Hoje é totalmente normal encontrar no BuzzFeed um post cheio de fotos com o título "15 animais que começaram sua própria banda" ao lado de uma manchete das eleições norte-americanas: "A 'Guerra Química' de Obama pode manter os votos dos brancos em baixa?". E não há anúncios em banners. A equipe comercial do BuzzFeed trabalha com anunciantes para criar chamadas publicitárias aplicando o mesmo tom.

O site atingiu 30 milhões de visitantes mensais recentemente e sua receita caminha para ser três vezes maior do que no ano passado, diz um e-mail que Peretti enviou aos funcionários, sem especificar o valor. Na carta, ele explica por que a estratégia do BuzzFeed dá certo. Há muitos trechos bons que servem como uma aula não só para aqueles que trabalham com comunicação, mas também para empreendedores de internet.

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Em uma passagem, ele conta, por exemplo, que muitos investidores da área de tecnologia preferem empresas que não produzem conteúdo, mas criam ferramentas para que os usuários façam isso de graça - e assim conseguem crescer com uma equipe pequena. "Startups com essa visão atraem investimentos com mais facilidade. É por isso que há muitas tentando ser o próximo Twitter ou Facebook ou Instagram ou o Pinterest para x, y, ou z."

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Peretti também descreve a importância de construir toda a tecnologia usada na produção de conteúdo - do publicador à ferramenta para medir a audiência; das notícias aos anúncios. "Nós fazemos toda a enchilada", ele escreve, se referindo ao prato mexicano. Peretti cita como exemplo o modelo da Apple, de centralizar todas as etapas do desenvolvimento de um produto. "A indústria está começando a aceitar que você precisar ter o controle de todas as camadas para fazer um produto realmente excelente." Aplicado à produção de conteúdo para a internet, faz todo o sentido.

- o Coluna anterior23/7: A mentalidade do Google é a nova esperança para o Yahoo

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