Softbank reforça time para para investir em startups maiores na América Latina

Nicola Calicchio trabalhou quase 30 anos na consultoria McKinsey e chega ao Softbank como chefe de estratégias internacionais

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Por Gabriel Baldocchi (Broadcast)
Atualização:

O Softbank, um dos maiores investidores globais da área de tecnologia, quer investir mais e melhor na América Latina, região na qual enxerga grande potencial de crescimento. O grupo anunciou nesta quinta-feiram 27, sua terceira contratação de peso no Brasil neste ano e se posiciona para uma mudança de patamar na estratégia local, com a busca de investimentos em empresas maiores.

O brasileiro Nicola Calicchio foi escalado para ocupar o posto de chefe de estratégias no braço internacional do conglomerado. Com quase 30 anos de consultoria McKinsey, na qual foi presidente da América Latina até o início do ano, Calicchio pretende usar essa experiência para ajudar a escolher empresas da região que possam se beneficiar dos aportes e da expertise do Softbank para acelerar sua transformação digital.

Calicchio se reportará a Marcelo Claure, CEO do braço internacional do grupo e um dos principais executivos do Softbank atualmente Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters

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"Tem muita gente com foco na Ásia, e o Softbank — que é uma empresa asiática — , está focando na América Latina porque vê na região enorme oportunidade de crescimento", afirmou Calicchio ao Estadão. "O objetivo é ampliar a atuação em empresas que já são maiores, estabelecidas e líderes na América Latina."

Calicchio se reportará a Marcelo Claure, CEO do braço internacional do grupo e um dos principais executivos do Softbank atualmente. No posto, ele também deve avaliar, dentre as quase 200 empresas investidas pelo grupo no mundo e ainda não presentes no Brasil, quais podem vir para o País, inclusive por meio de aquisições.

Com cerca de US$ 100 bilhões em investimentos, o conglomerado japonês mostrou sua capacidade de acertar nos investimentos ao anunciar, em março, lucro anual de US$ 46 bilhões, o maior resultado já registrado por uma empresa japonesa. Já teve, porém, grandes perdas com empresas como a WeWork e a Greensill.

O portfólio de investimentos do Softbank na América Latina tem mais de 30 empresas e inclui nomes como o Banco Inter, MadeiraMadeira, Gympass, QuintoAndar e Creditas. A atuação na região se dá hoje principalmente por meio de um fundo de investimento com cerca de US$ 5 bilhões.

"Podemos ter mais (investimentos) e maiores. A ideia é fazer negócios maiores, estratégicos, com empresas que precisam de um ticket de investimento mais elevado", afirma Calicchio. "Capital não falta, o que falta são boas ideias e bons negócios. Vai ser muito do trabalho do time ao qual estou me juntando."

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A equipe para a América Latina foi reforçada. Além de Calicchio, se juntaram recentemente ao time outros dois executivos de destaque no País: Claudia Woods, ex-Uber, escalada para chefiar a operação da WeWork no Brasil, que passará a ficar sob o guarda-chuva do Softbank localmente, e Alex Szapiro, ex-presidente da Amazon no País, nomeado responsável pelo comando do fundo de investimento da região.

Investimentos

O apetite por oportunidades na região também vem crescendo. Em abril, o grupo pagou US$ 150 milhões por uma participação de 8,4% na Afya, empresa de educação brasileira com ações negociadas na Nasdaq. Em março, levantou US$ 230 milhões nos EUA, por meio de um Spac, conhecida como empresa de cheque em branco, para encontrar um negócio promissor na América Latina.

"Vemos que muitas vezes o Brasil e outros países estão atrasados em algumas coisas. A ideia é fazer investimentos para fazer o futuro chegar aqui mais rápido", afirma Calicchio.

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O tema de transformação digital se acelerou na pandemia e abriu oportunidades para investidores da área. O Brasil é visto como atrativo pela adesão dos consumidores aos produtos digitais, além do perfil empreendedor na área, com a criação de empresas que souberam surfar essa onda, como o caso do Nubank.

"O Brasil, assim como os outros países da América Latina, é um terreno muito fértil para o avanço da transformação digital, com competitividade muito inferior aos mercados mais desenvolvidos como EUA e China", afirma Gustavo Gierun, cofundador da Distrito, plataforma de inovação aberta. "O Softbank mostra, mais uma vez, seu apetite pelo mercado latino americano reforçando o time com uma visão estratégica fundamental para consolidação de suas investidas."

Os fatores acima também são citados por empreendedores que estruturaram empresas de cheque em branco nos Estados Unidos com foco na região. Ao todo, já são ao menos oito iniciativas (incluindo a do Softbank), com captação de mais de US$ 2 bilhões, para investir em empresas com perfil majoritariamente tecnológico na América Latina, sobretudo no Brasil.

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