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Startups Grin e Yellow anunciam fusão para nova empresa, a Grow

Combinadas, empresas terão 135 mil veículos e mais de 1,1 mil funcionários em seis países; nova companhia será comandada por Sergio Romo, cofundador da Grin

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As startups de mobilidade urbana Grin, do México, e Yellow, do Brasil, anunciaram nesta quarta-feira, 30, a fusão de suas operações. As duas empresas formarão juntas uma nova companhia, chamada Grow, que nasce com 135 mil patinetes e bicicletas e 1,1 mil funcionários, distribuídos em seis países. As marcas, no entanto, disseram que pretendem manter seus aplicativos funcionando separadamente nas 15 cidades onde estão presentes. 

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Para concretizar o negócio, as duas empresas levantaram US$ 150 milhões em investimentos com os fundos que já tinham feito aportes nas companhias – até aqui, Grin e Yellow tinham recebido US$ 145 milhões de seus investidores. Os recursos serão utilizados para resolver aquisição de bicicletas e patinetes, bem como investimentos em expansão. Ao Estado, a Grow disse que pretende chegar a "dezenas de cidades" do Brasil nos próximos meses – no curto prazo, há lançamentos previstos para Vitória, Vila Velha, Porto Alegre e Recife. 

Ao ser criada, a Grow se antecipa à chegada de rivais americanas ao mercado brasileiro de mobilidade. O Uber, com a startup de bicicletas elétricas Jump, já confirmou que pretende oferecer bicicletas e patinetes no País em 2019; também cogita-se a entrada da Lime, uma das principais empresas do setor no Vale do Silício, por aqui. 

A nova empresa será comandada por Sergio Romo, cofundador e atual presidente executivo da Grin; já o presidente do conselho será Jonathan Lewy, que também é sócio da startup mexicana. Segundo apurou o Estado com fontes próximas ao assunto, a Grin terá maior controle acionário da nova companhia, com direito a duas cadeiras no conselho. Questionada, a Grow decidiu não comentar o tema. Também farão parte do conselho representantes dos fundos GGW, Flash e Monashees, que tinham participações nas startups – o Monashees, aliás, tinha fatias das duas empresas em seu portfólio. 

Ariel Lambrecht, Eduardo Musa eRenato Freitas criaram a startup Yellow em janeiro de 2018 Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Fundador da Yellow, surgida no início de 2018, e também responsável pela criação da empresa de transporte por aplicativo 99, Ariel Lambrecht será o vice-presidente de produto da Grow. Ele também vai dividir o comando da operação brasileira da companhia com Marcelo Loureiro, que fundou a startup de patinetes elétricos Ride no ano passado – a empresa acabou sendo comprada pela Grin no final de 2018. “Tivemos a sorte de juntar dois times experientes e bem-sucedidos com compreensão da mobilidade na América Latina”, disse Lambrecht, em nota enviada à imprensa. 

Eduardo Musa, ex-presidente da Caloi e cofundador da Yellow, deixará a operação. Já Renato Freitas, parceiro de Lambrecht na criação da 99 e da Yellow, permanecerá como sócio acionista da Grow. Segundo a empresa, ele havia decidido deixar o dia a dia da companhia em dezembro para se dedicar à família e à mentoria de startups – em seu lugar como diretor de tecnologia ficará Ricardo Lázaro, que já fazia parte do time. 

Meta. Em comunicado à imprensa, as empresas disseram que pretendem continuar oferecendo o serviço de compartilhamento de patinetes e bicicletas na América Latina – hoje, a empresa tem veículos no Brasil, México, Colômbia, Peru, Uruguai e Chile. Há também a meta de expansão para novos mercados na região. A companhia disse ainda que continuará a desenvolver uma tecnologia própria de pagamentos, voltada para usuários desbancarizados na América Latina. 

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Na nota, a empresa disse ainda que pretende seguir em parceria com a startup colombiana Rappi – hoje, usuários da plataforma de entregas podem utilizar os patinetes da Grin sem precisar baixar o aplicativo da empresa mexicana. A Rappi, vale lembrar, se tornou um unicórnio no início do segundo semestre de 2018, oferecendo entregas de restaurantes, supermercados e itens de limpeza, entre outros, em 27 cidades e sete países da América Latina. Hoje, a companhia tem 20 milhões de usuários no continente. 

Na visão de Paulo Furquim de Azevedo, professor de Negócios do Insper, a fusão das duas empresas se justifica pela necessidade de formação de massa crítica. "Quanto mais patinetes ou bicicletas estiverem disponíveis pela cidade, mais contente ficará o usuário", avalia Azevedo. "A Grin, que já tinha comprado a Ride e uma startup uruguaia de patinetes, está se movimentando de forma agressiva no mercado, antecipando-se a possíveis rivais." 

Para o pesquisador, há desafios no horizonte da Grow. "A Prefeitura já discute restrições para o uso de patinetes em São Paulo", diz. No entanto, ao contrário do que aconteceu com aplicativos de transporte como o Uber, a regulamentação não deve ser no sentido de bloquear ou impedir o negócio das empresas. "É uma forma de transporte que tem potencial para gerar impacto positivo na mobilidade urbana."

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