PUBLICIDADE

Reino de engenheiros

No Facebook o importante é a evolução a qualquer preço, diz ex-funcionária

PUBLICIDADE

Por Redação Link
Atualização:

No Facebook o importante é a evolução a qualquer preço, diz ex-funcionária

Por Diogo Antonio Rodriguez,Especial para o ‘Estado’

SÃO PAULO – Em 2005, o Facebook não era mais do que um amontoado de mesas e computadores em um endereço comercial em Palo Alto, Califórnia. Os usuários ainda se resumiam a algumas dezenas de milhões e o ambiente tinha de uma certa precariedade.

—- • Siga o ‘Link’ no Twitter, no Facebook, no Google+, no Tumblr e no Instagram

 

PUBLICIDADE

Funcionária número 51 da empresa, Katherine Losse e todos os seus colegas usavam a mesma senha para administrar o site – algo impensável hoje, com centenas de milhões de perfis e ações em jogo na bolsa de valores.

Os bastidores desse ambiente estão no livro escrito por Katherine Losse e lançado no fim de junho dos EUA. Em The Boy Kings: A Journey into the Heart of the Social Network (Os meninos-reis: uma jornada ao coração da rede social, ainda inédito no Brasil), a história do Facebook é contada pela perspectiva de Losse, uma mulher formada em letras no meio de homens meio meninos fascinados por engenharia.

A primeira função de Losse, em 2005, foi responder a e-mails de usuários. Quando saiu, em 2010, sua função era redigir os textos assinados por Zuckerberg.

Publicidade

Ela viu o Facebook passar de um pequeno escritório a um império na internet. Sua contribuição foi coordenar a tradução para línguas, como japonês, italiano e espanhol.

O tempo lhe mostrou as peculiaridades de Mark Zuckerberg. Não demorou até que percebesse que havia um caminho mais fácil para conseguir respeito e sucesso. “Minhas preocupações no começo tinham a ver a com o fato de que era difícil para alguém progredir no Facebook se não fosse engenheiro”, disse em entrevista ao Link.

Esta era também a filosofia de negócios: “Na visão de Mark e de alguns engenheiros, o crescimento rápido e irrestrito da plataforma era bom porque provava que, no Facebook, o desenvolvimento técnico, e não os desejos do marketing ou dos usuários, era o rei”, afirma no livro.

O feed de notícias, por exemplo, foi incorporado sem aviso. Milhões viram expostos seus relacionamentos, fotos e curtidas. Katherine leu milhares de e-mails raivosos. Mais importante era evoluir a qualquer preço.

Losse observa: “Mark tem sido claro em suas declarações públicas. Ele acredita que o mundo vai na direção de ser um lugar mais ‘aberto’ e menos privado, e ele quer que o Facebook participe desse movimento”. A ambição de Zuckerberg é criar uma enorme “lista telefônica” mundial, queiram as pessoas estar nela ou não.

 

Os perfis “obscuros” – de pessoas que não estavam no Facebook, mas eram marcadas por amigos em fotos – são prova disso. No livro, Losse conta que a ferramenta foi criada em 2006 porque os funcionários da empresa “estavam convencidos de que o Facebook era algo que todos deveriam ter”. E os perfis ficavam escondidos.

A ideia de alguém que não quisesse estar na rede era estranha para eles. “O Facebook era nossa religião e acreditávamos que todos deveriam ser usuários, mesmo que ainda não tivessem consentido”, escreve ela.

Publicidade

As primeiras cobaias das novidades eram justamente os funcionários, que faziam testes em seus próprios perfis: “A ideia de trabalhar no Facebook era participar da construção desse mundo social virtual, então testar o produto era parte disso. Não havia muitas fronteiras entre a vida pessoal e o trabalho”, diz Losse.

Em relação à privacidade, a mensagem é clara: “se você espera que o Facebook continue muito privado, talvez tenha uma expectativa errada a respeito do site”, avisa.

Fora da empresa desde 2010, ela diz que tem boas lembranças daquela época, apesar de “não sentir saudades”. Seu único vínculo com o ex-patrão é, claro, um perfil no Facebook.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.