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China pede notícias positivas sobre Olimpíadas, diz jornal

Governo teria enviado memorando a jornais pedindo reversão de 'onda negativa'.

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Por Marina Wentzel

O governo chinês pediu aos jornais do país que não publiquem reportagens consideradas negativas sobre os Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, segundo reportagem publicada nesta terça-feira pelo diário South China Morning Post, principal diário independente de Hong Kong. De acordo com o jornal, o Departamento Central de Propaganda do governo chinês teria feito o pedido por meio de um memorando circulado entre os editores de jornais do país. O governo teria enviado aos editores na semana passada instruções sobre como conduzir a cobertura dos preparativos para as Olimpíadas de 2008. O memorando pedia que os jornais evitassem publicar reportagens que mostram o pais de um lado desfavorável, para reverter o que chamou de "uma onda de intensa publicidade negativa", que enfrenta atualmente. "O documento estabelecia quatro áreas que causaram 'considerável publicidade negativa' na imprensa internacional, como a poluição do ar, a (má) qualidade dos alimentos, (a etnia de quem serão) os carregadores da tocha e as paraolimpíadas", disse uma fonte anônima que recebeu o documento. O memorando também pedia à imprensa estatal que fizesse reportagens positivas sobre esses assuntos para compensar os textos negativos que foram publicados nos últimos tempos. Ainda nesta segunda-feira, o jornal estatal China Daily anunciou que o governo vai montar e monitorar um banco de dados com informações sobre os jornalistas internacionais que vão cobrir as Olimpíadas. De acordo com o governo, por meio do banco de dados os entrevistados poderão obter mais informações sobre os jornalistas que os irão entrevistar e também assim se certificar se de fato o profissional de imprensa é "idôneo". Jornalistas estrangeiros familiarizados com censura na China ainda discutem se a iniciativa é positiva e se perguntam se não se trataria de uma forma de pressão. A circulação das diretrizes e a criação do banco de dados vêm em meio a uma ofensiva promovida pelo Comitê de Organização dos Jogos Olímpicos de Pequim para reconquistar a simpatia da imprensa internacional. O comitê convidou os jornalistas a visitar prédios que abrigarão os jogos aos quais a imprensa antes tinha acesso proibido. Também foi organizada uma visita a duas fábricas que fornecerão alimentos durantes os jogos, para que os jornalistas conhecessem os padrões de qualidade aplicados na produção da comida. Outras visitas aos "bastidores dos jogos" estão agendadas, e há um esforço por parte do comitê em atender a demanda da maior parte dos jornalistas. "O memorando mencionava essas visitas organizadas como parte de uma campanha para reverter a situação que eles vêem aparentemente como propaganda de guerra", disse ao South China Morning Post um editor de Pequim que não quis se identificar. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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