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Coleção de insetos de instituto do Rio faz 110 anos

Por Marcia Vieira
Atualização:

São cinco milhões de insetos, entre eles, raridades como o Anopheles lutzi, transmissor da malária, descrito pelo próprio Oswaldo Cruz. A maior coleção entomológica do Brasil e uma das mais completas da América Latina, reunida no Instituto de Manguinhos, no Rio, está completando 110 anos totalmente revigorada. Verdadeiro retrato da biodiversidade brasileira, a coleção tem exemplares coletados por grandes pesquisadores brasileiros, como Adolpho Lutz e Carlos Chagas."O Instituto fez um grande investimento na coleção. Agora temos espaço para receber mais exemplares nos próximos 50 anos", acredita a bióloga Jane Costa, Chefe do Laboratório de Biodiversidade Entomológica e Curadora da Coleção Entomológica. A coleção tem duas facetas. "Ela é consultada por cientistas do mundo inteiro e é aberta a visitação do público, com agendamento", diz Jane.A entomologia é uma ciência ampla. "Mais de 50% das espécies conhecidas do planeta são insetos", explica a bióloga. Na coleção da Fundação Oswaldo Cruz tem de tudo. Borboletas, besouros, abelhas, vespas e moscas. Só de besouros são 19 mil espécies brasileiras. Um dos maiores destaques é a Coleção Werneck, que reúne piolhos de mamíferos e aves coletados ao redor do mundo. "Ela é riquíssima, catalogada de maneira caprichosa, com muitos detalhes", diz Jane. Estão lá também os pedículos, piolhos que costumam infestar a cabeça de crianças nas escolas brasileiras. "Os piolhos de aves não atacam humanos, a não ser em infestações altíssimas."Os principais vetores da Doença de Chagas também estão depositados na coleção. Graças a esse acervo, os estudos sobre várias doenças continuam evoluindo. Recentemente a história da reintrodução do Anopheles gambiae, no Nordeste, nos anos 30, foi desvendada com base em exemplares depositados na coleção. "Através de estudos do perfil genético do inseto, foi possível entender como ele foi introduzido no Brasil, causando um surto de malária gravíssimo. Existiam uma série de perguntas que só foram respondidas agora explorando a genética do mosquito que estava depositado na coleção."Para quem não é pesquisador, mas está interessado em entender como bichos tão pequenos podem fazer estragos tão grandes no ser humano, o Instituto criou a Sala de Exposições Costa Lima. Lá estão espécimes selecionados não só pela importância médica, como também pela beleza. A sala, que faz parte do Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz, tem monitores para apresentação do material e para responder às perguntas dos visitantes. O agendamento é feito pelo telefone (21) 2590 6747.

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