'Dar férias é inviável para as escolas particulares', diz diretor sobre fase emergencial em SP

Para Arthur Fonseca Filho, presidente da associação que reúne colégios de elite, o ideal é manter o ensino remoto e atender quem precisa presencialmente nos próximos 15 dias

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Por Renata Cafardo
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O presidente da Associação Brasileira das Escolas Particulares (Abepar), Arthur Fonseca Filho, considera inviável decretar férias neste momento para a rede privada. Segundo ele, a recomendação deve ser a de que as escolas restrinjam ao máximo o número de alunos àqueles que mais precisam e continuem a dar aulas online nos próximos 15 dias.  

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"Respeito muito a decisão do Estado, mas não podemos interromper da noite pro dia a atividade remota", diz Filho. A Abepar inclui 24 escolas de elite como Santa Cruz, Bandeirantes, Oswald de Andrade, Pentágono. Os diretores se reuniram nesta quinta-feira, 11, para discutir o assunto e o entendimento comum foi de reduzir a oferta da atividade presencial, priorizando o atendimento das crianças não autônomas. Além da interrupção do trabalho pedagógico, as escolas teriam dificuldades trabalhistas ao dar férias aos professores, precisaria de negociação com os sindicatos e acarretaria pagamentos de salários adiantados, como prevê a legislação.

Como adiantou o Estadão, o governo do Estado decretou que as escolas estaduais adiantem o recesso e paralisem as atividades presenciais e remotas entre 15 e 28 de março. Além do recesso, o Estado têm ainda o período de férias em julho. Segundo o secretário da Educação, Rossieli Soares, ao fim dos 15 dias, as férias também poderão ser antecipadas se a situação da pandemia não melhorar. A medida faz parte da fase emergencial, anunciada nesta quinta-feira pelo governo João Doria para tentar conter o pior momento da pandemia

A Prefeitura de São Paulo ainda discute se vai também propor algo semelhante para as escolas municipais. Segundo o Estadão apurou, não  há intenção de impedir que as escolas particulares da capital abram nesse período. Rossieli também deixou claro que a rede privada tem autonomia para fazer seu calendário e continuarem abertas, mas recomendou que tomassem medidas para reduzir a circulação na cidade. 

Grandes colégios alegam possuir espaço suficiente para garantir distanciamento e reduzir necessidade de rodízio Foto: Daniel Teixeira/ Estadão

A nova classificação emergencial prevê restrições a 14 atividades, impactando cerca de 4 milhões de trabalhadores formais diariamente, de acordo com o governo. Entre elas, está a suspensão do funcionamento presencial de lojas de construção, a realização de celebrações religiosas com público e de atividades esportivas — o que inclui partidas de futebol — e o oferecimento de serviços de retirada de comidas (take away).

Escritórios, órgãos públicos e similares devem ir obrigatoriamente para o home office, praias e parques serão fechados. O governo ainda instituiu um toque de recolher entre as 20 e as 5 horas, com a promoção de blitze de orientação a motoristas.

Arthur Fonseca Filho acredita que as escolas podem continuar atendendo os alunos menos autônomos, como as crianças da educação infantil e até os 9 anos de idade. "Muitos pais são trabalhadores essenciais, médicos, enfermeiros, policiais e não têm com quem deixar os filhos. A escola precisa acolher, mesmo que seja para fazer a atividade remota da escola."

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Alguns colégios discutem se mantêm ao menos o ensino infantil e até o 5º ano abertos. Desde que o Estado decretou a fase vermelha na semana passada, a maioria dos pais deixou de mandar seus filhos ao presencial, principalmente os mais velhos.

Em comunicado às famílias, o Colégio Bandeirantes, na zona sul, disse que continuará funcionando da mesma maneira, seguindo os protocolos de biossegurança.  A Rede Maple Bear, rede que inclui 11 mil alunos no Estado, também informou que continuará a atender os estudantes com 35% de presença, como permite o governo.

A Escola Luminova, que tem cerca de 2 mil alunos em quatro unidades em São Paulo, também decidiu que ficará aberta aos alunos que precisarem ir ao presencial. Segundo o colégio, a presença já havia diminuído para 20% na última semana e a direção deve ainda conversar com os pais para pedir que deixem os filhos em casa se for possível.

O Colégio Augusto Laranja, também na zona sul, vai priorizar estudantes mais novos nesta fase mais restritiva. Ensino médio e alunos do 6.º ao 9.º ano do fundamental vão ter atividades online.

Já o Colégio Anglo São Paulo, que fica em Higienópolis, decidiu fechar sua unidade entre 15 e 28 de março e oferecerá só aulas remotas. "No dia 29 de março, se a situação estiver segura, retornaremos ao presencial (híbrido)", informa o comunicado da escola.

Segundo dados do governo do Estado, a educação básica emprega cerca de 263 mil pessoas e era a sexta em número de profissionais entre os setores que deverão ter atividade reduzida na fase emergencial. A rede estadual tem ainda 3,5 milhões de alunos, enquanto a rede privada tem 1 milhão.

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