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Escola de samba cria banheiro para gays

Medida teria sido adotada a pedido de travestis e homossexuais que frequentam a quadra, na Cidade de Deus, no Rio

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Por Tiago Rogero e RIO

Tem para ele, ela e GLS. Na Cidade de Deus, favela da zona oeste do Rio, os diretores da escola de samba Mocidade Unida de Jacarepaguá criaram um banheiro exclusivo para o público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros). A pedido, segundo eles, de homossexuais da comunidade, que eram discriminados. A ideia não é inédita. Em janeiro, casou polêmica a inauguração de um banheiro GLS na quadra da Unidos da Tijuca, vice-campeã do Carnaval deste ano. As críticas partiram de integrantes do movimento LGBT, que encararam o banheiro exclusivo como uma forma de segregação. Na Cidade de Deus, o banheiro GLS também fica na quadra da escola. O presidente da Mocidade Unida, Roberto Valeriano dos Santos, o Beto, de 32 anos, comemora o toalete como uma das realizações de seu mandato, iniciado em maio. Ele contou ter sido procurado principalmente por travestis da comunidade, que cobraram a criação do banheiro. "Diziam que, se entrassem no banheiro feminino, as mulheres faziam um escândalo. No masculino, eram xingados, ameaçados de agressão", disse. O diretor de carnaval da Mocidade Unida, Carlos Eduardo da Silva, o Dudu, de 35 anos, é um dos que frequentam o banheiro GLS. "Todo mundo que está ali é 'entendido'. Depois que criaram o banheiro, as pessoas ficaram mais à vontade. Não só os 'entendidos', mas os heteros também." Para o coordenador do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT da Universidade Federal de Minas, Marco Aurélio Prado, criar um banheiro GLS é "jogar o problema para baixo do tapete". "Não vejo como um caso sério de segregação. Mas não lida com os preconceitos. Imagina como seria se houvesse banheiros só para negros ou brancos? É uma forma de jogar as questões para longe e não discuti-las em comunidade."

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