Mediadores são detidos por separatistas na Ucrânia; EUA preparam novas sanções

PUBLICIDADE

Por THOMAS GROVE E GABRIELA BACZYNSKA
Atualização:

Os Estados Unidos afirmaram nesta sexta-feira que estão preparados para impor novas sanções contra a Rússia pelas suas ações na Ucrânia, onde separatistas armados pró-Moscou apreenderam um ônibus que transportava mediadores internacionais, agravando a crise que já dura dois meses. O autodeclarado prefeito separatista de Slaviansk disse à Reuters que os mediadores foram detidos porque se acredita que haja um espião entre eles a serviço do governo pró-ocidental em Kiev. "As pessoas vêm aqui como observadores trazendo com elas um espião de verdade: isso não é apropriado", disse Vyacheslav Ponomaryov em frente ao edifício de serviços de segurança, tomado pelos rebeldes. De acordo com o governo ucraniano, os observadores detidos estão nesse prédio. A Rússia nega as acusações de que esteja orientando os separatistas, os quais assumiram o controle de grande parte do leste da Ucrânia ao longo das últimas três semanas. Mas a Casa Branca afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e aliados europeus sentem que a Rússia intensificou a tensão na região, onde os rebeldes se recusam a deixar os prédios oficiais que ocuparam. A Grã-Bretanha e a Alemanha concordaram com a adoção de novas punições, com base em sanções norte-americanas e europeias impostas contra russos e ucranianos após a anexação da Crimeia pela Rússia. Mas nenhum dos três países deu detalhes sobre quais seriam as represálias ou quando poderiam entrar em vigor. O impasse já provocou pesada fuga de capitais da Rússia, o que levou a agência de classificação de risco Standard & Poor's a cortar a nota do país nesta sexta-feira. Isso forçou o Banco Central russo a aumentar a sua taxa de juros de referência para reverter a queda no rublo, a moeda nacional. A detenção dos mediadores, que estão trabalhando para a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), com sede em Viena, aumentará a inquietação ocidental sobre a ilegalidade e a arbitrariedade em partes controladas por separatistas do leste da Ucrânia. "Extremamente preocupado com os inspetores da OSCE sequestrados no leste da Ucrânia. Incluindo um sueco. Eles têm de ser libertados imediatamente", escreveu o ministro das Relações Exteriores sueco, Carl Bildt, em sua conta no Twitter. OPERAÇÃO MILITAR A Ucrânia enviou pela primeira vez na quinta-feira tropas para tentar desalojar os separatistas, matando cinco rebeldes ao redor de Slaviansk no que o governo de Kiev disse ter sido uma resposta ao sequestro e tortura de um político encontrado morto no sábado. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou as autoridades de Kiev de fazer "guerra contra seu próprio povo". "Esse é um crime sangrento, e aqueles que mandaram o Exército para fazer isso vão pagar, tenho certeza, e vão enfrentar a Justiça", declarou Lavrov. O governo russo diz ter o direito de defender a população de língua russa em qualquer lugar se estiver sob ameaça e enviou tropas extras para a fronteira com a Ucrânia, onde a Organização do Tratado do Atlântico Norte acredita que a Rússia já concentra 40.000 soldados. Eles começaram exercícios militares na quinta-feira. A Ucrânia afirmou que as tropas avançaram 1 quilômetro dentro de seu território e que irá tratar qualquer incursão como uma invasão. As forças especiais da Ucrânia lançaram uma segunda fase de sua operação nesta sexta-feira, montando um bloqueio completo a Slaviansk, fortaleza militar dos rebeldes, disse uma autoridade presidencial. Um de seus helicópteros militares foi atingido por disparos de foguetes e explodiu em solo num aeroporto perto da cidade, afirmou o Ministério da Defesa.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.