INJETANDO DINHEIRO NA ECONOMIA
A decisão de Dilma de, efetivamente, abandonar as suas principais metas fiscais para este ano ajudou a injetar dinheiro na economia. O mês de agosto, por exemplo, viu o resultado primário registrar um déficit de 14,5 bilhões de reais, pior dados para o mês em mais de uma década.
Esse tipo de tática não pode durar muito, alertam economistas. As agências de classificação de risco disseram que o Brasil enfrenta o risco de downgrade a menos que Dilma ou Aécio façam fortes cortes de custos em 2015, o que podem jogar a economia em recessão outra vez. Mas, até lá, a eleição já terá passado.
Aécio, enquanto isso, parece ter ficado do lado errado de uma campanha extraordinariamente divisória para padrões brasileiros, que viu a multiplicação de inúmeros boatos e líderes dos dois partidos publicamente comparando os seus rivais aos nazistas.
Uma reunião de funcionários do governo de Minas Gerais na semana passada foi interrompida quando um funcionário recebeu uma mensagem de texto alertando sobre um desses boatos --que o programa federal de habitação para brasileiros de baixa renda seria suspenso se Aécio vencesse.
"De novo isso?," disse Juliano Fisicaro Borges, um alto funcionário na Secretaria de Desenvolvimento Social de Minas Gerais que é administrado pelo PSDB. "Isso virou uma guerra."
Enquanto isso, a Dilma parece ser virtualmente impermeável a uma série de escândalos de corrupção envolvendo o seu partido. Mesmo uma cobertura constante pela mídia sobre depoimentos de ex-diretor da Petrobras com acusação de um suposto amplo esquema de propina não abalou tantos eleitores.
DEBATE TENSO EM MOMENTO CRUCIAL
Um acirrado debate entre os dois candidates na semana passada pode ter sido o ponto da virada. Quando Dilma fez referência ao um incidente de 2011 no qual Aécio se recusou a fazer o teste do bafômetro em uma blitz, ele demonstrou arrependimento, mas também chamou Dilma de "mentirosa".
A resposta não foi bem vista por eleitoras. Elas apoiavam Aécio por 46 a 42 por cento nas pesquisas depois do primeiro turno, mas no levantamento de quarta-feira preferiam Dilma por 47 a 41 por cento.
"Quando eu vejo um homem ser ignorante daquele jeito com um mulher... Eu penso o que ele faria com uma pessoa pobre," disse o popular ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que escolheu a dedo Dilma para ser a sua sucessora, em um comício na cidade de Manaus horas depois do debate.
Uma seca histórica em São Paulo, uma das principais bases de apoio a Aécio, também o prejudicou. Os eleitores culpam o governo estadual, que é dirigido pelo PSDB, por permitir que o principal reservatório da cidade tenha ficado com apenas 3 porcento da sua capacidade --levantando acusações que o racionamento foi retardado só por conta das eleições.