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Milton faz o público do Carnegie Hall dançar e cantar

Por Francisco Quinteiro Pires
Atualização:

A relação de Milton Nascimento com os EUA é antiga. No fim dos anos 1960, ele viajou até lá para gravar Courage, disco com arranjos de Eumir Deodato. Na década seguinte, fez em parceria com o jazzista Wayne Shorter o LP Native Dancer. Mas a sua carreira nos EUA, que inclui colaborações com, entre outros, Sarah Vaughan, Paul Simon, Herbie Hancock e Ron Carter, só se consolidou no verão de 1984, quando se apresentou no Carnegie Hall (Nova York). "Vou me lembrar desse dia por toda minha vida", ele disse ao Estado na véspera do seu retorno à casa de espetáculos nova-iorquina, 25 anos depois. Na performance comemorativa, ocorrida na última quarta, Milton, de 67 anos, montou repertório que retrata a sua "carreira inteira". A diversidade das composições - "do pop ao jazz" -, anunciada no programa do show em Manhattan, foi exibida em quase duas horas, sem interrupção. A casa estava cheia, não lotada. Acompanhado por banda formada de guitarra, baixo, bateria e piano, e usando óculos escuros e jaqueta de couro, ele entoou a primeira canção, A Sede do Peixe. O público se soltou com Paula e Bebeto e as manifestações ficaram mais atrevidas com Bola de Meia, Bola de Gude e Caçador de Mim. Em inglês, recordou a emoção sentida em 1984, quando viu sua foto ao lado da de Sinatra, então a próxima atração do Carnegie Hall. O compositor mineiro se disse abençoado por estar ali mais uma vez. A comunhão com o público se intensificou após Caxanguá, Encontros e Despedidas e Ponta de Areia, gravada pela baixista americana Esperanza Spalding. "Ela toca divinamente", ele disse ao Estado. "No ano que vem, a gente vai se trancar no estúdio para fazer um disco, só meu e dela."

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