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Oposição promete retomar manifestações nacionais no Quênia

Por WANGUI KANINA E ALISTAIR THOMSON
Atualização:

Os opositores ao governo queniano afirmaram na sexta-feira que retomarão os protestos nacionais contra a polêmica reeleição do presidente Mwai Kibaki depois de a União Africana (UA) não ter conseguido, por meio de seus esforços de mediação, solucionar a crise política do país. O Movimento Democrático Laranja (ODM), liderado pelo oposicionista Raila Odinga, também defendeu a imposição de sanções internacionais contra o governo de Kibaki. Segundo a legenda, as manifestações seriam realizadas em quase 30 pontos do país, nas próximas quarta, quinta e sexta-feiras. "Neste momento são necessárias sanções. Seria irresponsável conceder a esse governo um único centavo sequer", afirmou o secretário-geral do ODM, Anyang' Nyong'o, a repórteres. Segundo Nyong'o, o partido havia pedido à polícia queniana que garantisse a segurança da manifestação marcada para ocorrer na quarta-feira, em um parque da região central de Nairóbi. Protestos anteriores levaram à eclosão de conflitos de rua e a choques violentos entre os simpatizantes de Odinga e as forças de segurança, resultando no total de 500 mortos desde o dia da votação, 27 de dezembro. O governo disse que não permitirá a realização de novas manifestações, e policiais armados com equipamentos antimotim patrulhavam algumas áreas da capital na sexta-feira. "O diálogo não se trava nas ruas. O diálogo sugere que as pessoas resolvam suas diferenças de forma pacífica, sentadas a uma mesa, e não destruindo bens de terceiros ou matando quenianos inocentes", afirmou Uhuru Kenyatta, ministro do Governo Local. A onda de conflitos manchou a imagem de regime democrático ostentada pelo Quênia, prejudicou a maior e antes promissora economia do leste da África, dificultou a distribuição de suprimentos para os países vizinhos e deixou apreensivos os investidores ocidentais. O fracasso, nesta semana, dos esforços realizados pelo chefe da UA, John Kufuor (que também é presidente de Gana), para convencer as partes a selarem um acordo deixou preocupados os quenianos, que enfrentam um dos momentos mais delicados de sua história desde a independência do país. Kufuor saiu do Quênia de mãos abanando, na quinta-feira à noite, mas disse que o também ganense Kofi Annan, ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), lideraria um grupo de africanos eminentes em uma outra tentativa de resolver a crise. Segundo o ODM, Annan afirmou a Odinga, o qual acusa Kibaki de ter fraudado as eleições, que chegaria ao Quênia na terça-feira. Analistas dizem que Odinga perdeu força nos últimos dias, período em que Kibaki ampliou seu controle sobre o governo, realizando uma reforma ministerial, ampliando seus poderes e fechando o Parlamento.

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