Polícia conclui que assassinato de capoerista na Bahia foi cometido por discussão política

Moa do Katendê foi morto com 12 facadas após declarar voto no PT após o primeiro dar eleições 2018; autor do crime, que está preso, apoiava candidato Jair Bolsonaro (PSL)

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Por Yuri Silva
Atualização:

SALVADOR - O inquérito da Polícia Civil da Bahia que investigava o assassinato do mestre de capoeira, ativista cultural negro e fundador do afoxé Badauê Romualdo Rosário da Costa, 63, conhecido como Moa do Katendê, concluiu que o crime, praticado por um admirador do presidenciável Jair Bolsonaro, foi cometido por causa de uma discussão político-partidária.

A informação foi divulgada nesta quaarta-feira, 17, pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) e o inquérito enviado ao Ministério Público da Bahia (MP-BA), que agora terá que decidir se oferecerá denúncia à Justiça ou não.

Mestre Moa do Katendê foi assassinado a facadas em um bar de Salvador, após manifestar apoio a Fernando Haddad (PT) Foto: Arquivo Pessoal

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De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, o barbeiro Paulo Sérgio Ferreira de Santana, 36, desferiu 12 facadas contra Moa do Katendê em um bar de Salvador após o capoeirista defender seu voto no candidato do PT ao Palácio do Planalto, Fernando Haddad, e criticar o candidato do PSL à Presidência da República Jair Bolsonaro.

A versão já havia sido admitida pelo próprio autor do crime, que está detido desde o dia do assassinato, na madrugada do dia 8 de outubro, após o primeiro turno das eleições 2018. Ele teve prisão preventiva decretada no dia 10 de outubro e encontra-se no Presídio da Mata Escura, no Complexo Penitenciário de Salvador. A decisão de manter o barbeiro preso foi tomada, na semana passada, pelo juiz Horácio Pinheiro, que considerou que havia "prova de existência do crime" e "indício suficiente de autoria".

Agora, a polícia informou no inquérito que a versão do assassinato por motivações políticas foi confirmada pelo dono do bar e por outras testemunhas. Segundo a SSP, após confessar o crime logo após a prisão, o barbeiro Paulo Sérgio afirmou, em depoimento, que não cometeu o crime por conta da divergência política, mas sim porque foi xingado após se desentender com o capoeirista durante uma discussão sobre eleições.

Um primo do mestre de capoeira, que tentou defendê-lo do ataque a facas, também foi ferido na ocasião. Germinio Pereira tem 51 anos e foi atingido no braço, mas passa bem. O autor do crime, contaram testemunhas em depoimento, chegou ao bar declarando voto no capitão da reserva, presidenciável do PSL, e disse que "o Brasil precisa se livrar do PT".

Em nota, a Polícia Militar da Bahia (PM-BA) informou que, quando foi encontrado, Paulo Sérgio já estava com uma mochila com roupas no intuito de fugir. Caso seja indiciado, o barbeiro vai responder por homicídio e tentativa de homicídio.

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Ele tinha outras duas passagens pela polícia, segundo a SSP. Em 2009, ameaçou uma criança de 14 anos com uma tesoura após ser abordado pelo garoto, que pedia esmola. Em 2014, se envolveu em uma briga de rua.

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