Rússia busca voluntários para simulação de expedição espacial

A simulação na Terra de um vôo ao Planeta Vermelho deve durar pelo menos um ano e meio

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Por Agencia Estado
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Cientistas russos deram início esta semana à inscrição de voluntários, russos e estrangeiros, para que possam participar do projeto Marte-500, a simulação na Terra de um vôo ao Planeta Vermelho que durará pelo menos um ano e meio. O Instituto de Problemas Médico-Biológicos (IPMB) da Academia de Ciências da Rússia, que apresentou oficialmente o projeto em janeiro de 2004, informou que a inscrição ficará aberta até 31 de dezembro. A experiência que imitará um vôo tripulado a Marte, que deve começar no quarto trimestre de 2007, está programada para durar pelo menos 520 dias podendo chegar a 700, anunciou o porta-voz do Instituto, Mark Belakovski. O IPMB, que publicou em seu site os requisitos para os candidatos, selecionará os seis tripulantes que deverão passar mais de um ano fechados no simulador de uma nave espacial. A tripulação será "internacional", pois serão aceitos pedidos de estrangeiros, e em uma segunda etapa será decidido se a equipe terá a participação de mulheres. Os candidatos devem ter entre 25 e 50 anos, boa saúde, educação em nível superior e dominar o inglês em nível comunicativo e técnico. A prioridade será dada a profissionais ligados às áreas de medicina, biologia, engenharia e informática. Para o projeto, a Rússia conta com a colaboração da Agência Espacial Européia (ESA) e também convidou os EUA. A "tripulação marciana" será formada por um comandante, um engenheiro de bordo, três cientistas de diferentes especialidades responsáveis pelas pesquisas e um médico, que seja capaz de realizar tarefas como extrair um dente ou mesmo realizar uma cirurgia. Por 17 meses e com reservas de três toneladas de água e de cinco de comida, os astronautas viverão em condições mais ou menos similares às registradas em uma expedição real a Marte, no interior de um conjunto de cinco módulos espaciais de 550 metros quadrados. Um dos módulos imitará as condições de Marte para um eventual "desembarque" de três astronautas em uma missão de até um mês, depois de 250 dias do vôo Terra-Marte e antes da viagem de volta, que durará outros 240 dias. As equipes técnicas reproduzirão nos simuladores de módulos espaciais a composição do ar, a pressão atmosférica e o nível de ruído na nave, e renovarão as reservas de oxigênio e água. Na viagem virtual, que durará o mesmo tempo de uma missão real a Marte, não faltarão testes difíceis, incluindo simulações de avarias, para pôr à prova a capacidade da tripulação de superar problemas técnicos inesperados e situações de estresse. Os voluntários só poderão abandonar o experimento em caso de doença grave ou de uma crise de ordem psicológica. O e-mail será o principal meio de comunicação com o centro espacial "em terra", e as mensagens atrasarão meia hora, o tempo que levaria para chegar ao destinatário em uma expedição real, o que aumenta o grau de autonomia da equipe em casos de emergência. "A diferença fundamental de um vôo a Marte de outros realizados atualmente é que será autônomo, e se acontecer algo grave ou um cosmonauta se sentir mal, já não será possível interromper e fazer a nave retornar", disse Anatoli Grigoriev, diretor do IPMB. Em uma situação crítica, a Terra pode ajudar, mas a uma grande distância no espaço o sinal demora meia hora para chegar, "muito para um caso de emergência, o que nos coloca diante de uma tarefa científica sem precedentes para acumular o máximo de conhecimentos a bordo", afirmou.

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