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Universidades estaduais paulistas querem mais verba para instituir cotas

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As universidades estaduais de São Paulo - USP, Unesp e Unicamp - querem que o governo do Estado defina uma verba específica para financiar o programa de cotas dessas instituições. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) vai anunciar amanhã a proposta final que será levada para os respectivos conselhos universitários. Na Universidade de São Paulo (USP), a maior do País, o projeto será encaminhado para todas as faculdades antes da apreciação do colegiado.De acordo com o reitor da USP, João Grandino Rodas, o único detalhe que falta para a definição da política de cotas é o orçamento. "Precisa de dinheiro, não é só trazer os alunos. Essa proposta (dos reitores) busca fazer com que todos possam ser acolhidos na universidade e tenham plena condição de seguir o curso", disse Rodas. "Será um novo sistema de ingresso."A verba seria necessária para financiar a permanência estudantil, por meio de bolsas de auxílio moradia e alimentação, por exemplo, além da estruturação do curso de reforço para alunos de escolas públicas (mais informações nesta página).O projeto prevê que, até 2016, metade das vagas da universidade seja preenchida por alunos de escolas públicas, como revelou o Estado em novembro. A proposta foi discutida pelo Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp), que começou a debater o tema em outubro, quando o governador pediu a sua formulação após o governo federal regulamentar a Lei de Cotas para as federais. Historicamente, as universidades estaduais são contrárias à proposta de cotas.As linhas finais do pacote têm sido mantidas em segredo. Ainda há uma série de indefinições em relação ao financiamento e ao modelo de reforço de aula para cotistas. Para o desenho da proposta, não foi realizado uma simulação específica de pontuação de vestibular e demais impactos. Mas, segundo Rodas, as universidades entregaram ao governo números da realidade das universidades para que o Executivo possa chegar a um valor que financie o projeto.Neste ano, a USP gastou R$ 11 milhões com assistência estudantil. Considerando só o apoio repassado aos estudantes com base em critérios socioeconômicos, foram R$ 43 milhões.No último vestibular da USP, 28% dos matriculados vinham de escolas da rede pública. Essa proporção, no entanto, não aparece nos cursos mais concorridos, como Medicina, Engenharia e Direito - índices que a proposta de cotas quer mudar.Na USP, as unidades da universidade terão oportunidade de sugerir mudanças, como revelou o reitor. Só depois é que a proposta seguirá para o Conselho Universitário, instância máxima da instituição. O plano é que o novo sistema entre em vigor em 2013.O anúncio de amanhã deve ser feito de forma que pareça que foram os reitores quem, voluntariamente, decidiram pelas cotas. A preocupação é em conservar a autonomia universitária, tema caro à comunidade acadêmica.Para um professor da USP, que preferiu não se identificar, a proposta é "péssima". "Perdemos a autonomia de decidir sobre nosso projeto (de inclusão). Vão entrar alunos mais fracos e essa proporção de cotas (50%)é inviável", diz. O Conselho Universitário sempre foi contrário a esse tipo de política, mas pelo menos três membros disseram acreditar que o projeto deverá ser aprovado. / COLABORARAM CARLOS LORDELO, DAVI LIRA E OCIMARA BALMANT

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