A expansão das redes de franquias vai ter de passar pelo interior do Brasil. E as marcas nacionais precisam, desde já, se preparar para concorrer com grandes players internacionais. O diagnóstico é do consultor Fernando Campora. Executivo com visão privilegiada do mundo do Franchising, Campora é sócio da consultoria Grupo Cherto e, em junho, foi eleito diretor mundial da International Franchise Consultants Network (IFCN), associação formada por consultores com atuação em 25 países. Nesta entrevista, ele fala sobre o futuro do Franchising no Brasil:
Como o Franchising brasileiro tem sido visto lá fora?O Brasil hoje é a bola da vez. Somos o terceiro maior mercado de franquias do mundo (atrás apenas de EUA e Japão), com uma economia em crescimento e grande potencial de expansão das franquias. Além disso, mercados muito tradicionais, como Europa e EUA, não vivem hoje um bom momento. E quando isso acontece é natural que as empresas de lá comecem a olhar para outros mercados.
Essas redes que demonstram interesse no mercado brasileiro devem chegar aqui em breve?Não é tão simples assim. Vir para o Brasil requer muito investimento. Uma rede com 50 franquias aqui é considerada pequena, mas em outros países pode ser de médio ou até grande porte. Por isso, quem desembarcar aqui precisa saber que nossos custos são altos e que precisará encontrar fornecimento local. Não é uma equação trivial. Por isso, a chegada das redes ao Brasil é algo para o médio prazo.
Mas o potencial de crescimento das redes de franquia no Brasil é grande a ponto de justificar o investimento das marcas estrangeiras?
O potencial é enorme. Mas a expansão das redes agora precisa passar pelo interior do Brasil. O País tem mais de 5 mil municípios, e poucas redes tem capilaridade. A questão é que nos municípios menores, a concorrência também é menor. As franquias têm ali uma oportunidade de concorrer com lojas próprias, mais frágeis. Haveria uma vantagem clara das redes nesses lugares.
E o que falta para que as redes comecem a desbravar o interior do País?Elas precisam reduzir o tamanho de suas lojas e seu mix de produtos, adaptando o modelo de negócio ao público de cidades menores.
Quais são hoje as redes mais preparadas para fazer esse movimento?As franquias voltadas para o público A teriam mais dificuldade para se expandir no interior. Mas para aquelas que miram as classes B e C, essa estratégia daria certo. Os setores de alimentação, educação, moda e cosméticos são hoje os mais promissores.
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