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Como a brasileira Pantys chegou à Galeries Lafayette, em Paris

Criada em 2017, marca abriu loja na famosa galeria francesa e pretende inaugurar outras duas lojas na Holanda

Foto do author Ludimila Honorato
Por Ludimila Honorato
Atualização:

O olhar visionário das fundadoras da Pantys, marca que tem no catálogo peças íntimas e inovadoras como a cueca menstrual, fez com que a empresa já nascesse com atributos para a internacionalização. Além de estudarem e buscarem países onde o comportamento das pessoas fosse parecido com o do brasileiro, elas planejaram detalhes da estrutura do negócio, lançado em 2017, que serviram a essa finalidade.

Como resultado, o e-commerce global passou a operar em dezembro de 2020 e, neste mês, dando continuidade ao plano de expansão, inauguraram uma loja pop-up na Galeries Lafayette, em Paris. A estrutura de 52 metros quadrados está no mesmo espaço que abriga marcas renomadas de moda, como Chanel, Louis Vuitton, Balenciaga e Prada.

Loja da Pantys em São Paulo, na Rua Oscar Freire, foi o primeiro ponto físico da marca Foto: Alex Silva/Estadão

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“Isso mostra claramente que estamos revolucionando o mercado de saúde, de higiene íntima”, comenta a cofundadora da empresa Maria Eduarda Camargo. “Se lá atrás não tivéssemos optado pela experiência de produto, pelo fashion, talvez não teríamos entrado nesse mundo de moda e não teríamos a oportunidade de hoje.”

A proximidade com o shopping de luxo começou na mesma época do lançamento da loja online global, quando a Pantys fez a primeira ativação física no local durante um evento de fim de ano. “Os resultados foram tão bons que a conversa evoluiu para entrar lá com presença mais única da marca”, diz ela.

Emilly Ewell (à esq.) e Maria Eduarda Camargo, fundadoras da Pantys, que tem como carro-chefe as calcinhas absorventes reutilizáveis Foto: Alex Silva/Estadão

Para outubro, o plano é ter os produtos da marca em outras 27 lojas da galeria, além de inaugurar duas pop-ups na Holanda. O plano de internacionalização teve um investimento de mais de R$ 2,5 milhões até agora. Hoje, as exportações representam 6% do faturamento, e a meta é chegar a 20% até o fim de 2023.

“Foram três anos fazendo pitches para o mercado (internacional) para construção da marca. Estamos trabalhando com muito cuidado e acompanhando de perto os parceiros”, diz a cofundadora da Pantys Emilly Ewell. “Quando começa um, é mais fácil começar outro. Mostrar casos de sucesso ajudou a gente com a Galeries Lafayette”, completa.

Visão de futuro

Maria Eduarda conta que, desde o começo, via na Pantys o potencial de ser uma empresa global. Por isso, antes de iniciarem as vendas no Brasil somente em canais digitais, as fundadoras pavimentaram pilares importantes para conversar com públicos variados.

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Tendo como carro-chefe as calcinhas que substituem o absorvente íntimo durante a menstruação, elas investiram na validação da tecnologia, tecidos biodegradáveis e teste clínico para ter um diferencial no mercado. Também estabeleceram a forma de se comunicarem e conectarem com o público de modo a ter transparência, transmitir segurança e confiança.

Outro ponto focal é o da diversidade e inclusão, que se apresentou mais fortemente no ano passado quando a marca lançou uma cueca menstrual. O produto foi pensado para homens transexuais (que nasceram com o atributo do gênero feminino, mas passaram a se entender como do gênero masculino) e pessoas não binárias (que não se identificam com esses dois gêneros).

Com o tempo, a Pantys ampliou o portfólio e hoje oferece uma linha fitness, sutiãs para pessoas que amamentam, absorventes ecológicos e calcinhas para quem tem incontinência urinária. E a Europa foi escolhida para receber esses produtos depois de muita análise.

“Os Estados Unidos são muito tendenciosos ao mercado interno. Não que a gente não queira avançar para lá, mas valeria mais ir para um país que tem comportamento de consumo parecido com o do Brasil, que tem gap de competidores, porque não queríamos entrar num mercado cheio de competidores”, explica Maria Eduarda.

Quando começa um, é mais fácil começar outro. Mostrar casos de sucesso ajudou a gente com a Galeries Lafayette”

Emilly Ewell, cofundadora da Pantys

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A experiência delas também ajudou a formatar a internacionalização da empresa. Nascida nos EUA, Emilly é engenheira química de formação e trabalhou por mais de uma década em grandes empresas de saúde, tendo morado em outros países.

“Esse contato com outros mercados ajudou a entender os estilos de vida e os grandes varejos. Temos um parceiro na Europa que ajudou nessa construção, indo perguntar em lojas, e conversamos com outras marcas. Tem de construir relacionamento com compradores, que é o mais demorado”, diz ela.

Já a cofundadora brasileira é formada em Administração e atuou com estruturação e reestruturação financeira de empresas em diferentes mercados, repertório que agregou no início da Pantys. Além disso, a família de Maria Eduarda tem experiência com manufatura de lingeries e pijamas. “Convivi nesse mundo a vida toda. Toda essa expertise familiar ajudou na parte de desenvolvimento, de contatos com fornecedores, a ter agilidade e assertividade”, afirma.

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Desafios e oportunidades

Independente do porte, toda empresa que planeja exportar produtos e serviços encontra prós e contras, sendo que o esforço para ter um caixa sustentável é grande em todo caso. Como um pequeno negócio bootstrap, ou seja, que começou com recursos próprios (R$ 300 mil) e se mantém em crescimento até hoje sem investidor externo, a Pantys tem algumas limitações.

“Hoje, tentamos arriscar em projetos em que acreditamos muito e têm mais chance de sucesso do que de fracasso. Poderíamos aproveitar mais oportunidades, mas sem investidor o risco é maior. Nesse sentido, exige esforço maior de escolher esses projetos e fazer com que, a partir do momento que entra nele, aproveite o máximo de oportunidade que dá”, diz Maria Eduarda.

Por outro lado, Emilly destaca a criatividade necessária que a pequena marca precisa para se destacar no mercado. “A Pantys sempre foi assim, de fazer mais com menos. Muitas pessoas falam ser arriscado e difícil ir lá fora, é um monte de dinheiro, mas eu acho que a gente sempre faz com muito cuidado, experimentando, aumentando o que dá certo e reavaliando o que não dá”, afirma.

O fato de ser também uma marca de moda, com produtos coloridos e modelagens diversas, fez com que a Pantys se sobressaísse em meio a outras grifes. Para se apresentar ao mercado internacional, é importante também valorizar as origens e o propósito.

“A maioria da nossa concorrência fabrica na China e na Ásia, que não são os lugares mais sustentáveis. Trabalhamos com o ‘made in Brazil’, pois eles gostam do design e temos contato próximo com as fábricas brasileiras”, diz Emilly.

Com uma estratégia apoiada no phygital, que proporciona à clientela a mesma experiência no digital e na loja física, a expectativa das fundadoras é ir mais longe. “Tenho muito a aspiração de ser a próxima Havaianas, com coração do Brasil, feito no Brasil, com design do Brasil”, afirma a americana.

Nesse caminho, Maria Eduarda almeja também internacionalizar o impacto ambiental e social da marca, como projetos sociais em prol da dignidade menstrual, por exemplo. “Como fundadoras, a gente não deseja outra coisa na história da Pantys”, declara.

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