Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Opinião|Avanços terapêuticos no Parkinson: perspectivas promissoras na luta contra a doença

PUBLICIDADE

convidado

A doença de Parkinson está despontando como uma pandemia não infecciosa silenciosa e com projeções preocupantes de aumento de casos. Estudos revelam que a incidência da doença mais que dobrou entre 1990 e 2015, afetando atualmente cerca de 6,2 milhões de pessoas globalmente, e espera-se que esse número dobre para 14,2 milhões em 2040. E é importante destacar que esses dados podem subestimar a verdadeira magnitude do Parkinson devido à subnotificação e ao envelhecimento da população. Olhando para o sucesso na resposta à epidemia de HIV, surge um apelo urgente para que se adotem estratégias semelhantes no tratamento de Parkinson, buscando assim melhorar consideravelmente o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes afetados.

PUBLICIDADE

Neste mês de abril, dedicado à conscientização sobre a doença, é importante destacar os notáveis avanços nesses tratamentos disponíveis, renovando a esperança e inspirando uma busca contínua por uma vida mais plena e saudável.

A Doença de Parkinson surge da degeneração das células produtoras de dopamina na substância negra do cérebro, desencadeando sintomas como lentidão nos movimentos, rigidez, tremor e instabilidade postural. Além disso, estudos recentes têm revelado sintomas não motores, como constipação, distúrbios do sono, depressão e ansiedade, muitos dos quais podem surgir até 15 anos antes do diagnóstico neurológico, desafiando a compreensão convencional dessa complexa condição.

Mas os avanços na ciência e na tecnologia têm revolucionado o tratamento do Parkinson nos últimos anos. A reposição de dopamina através de medicamentos tornou-se o pilar essencial no combate aos sintomas motores da doença, proporcionando alívio ao estimular os receptores cerebrais. Esses progressos representam uma esperança renovada para pacientes e profissionais da saúde, abrindo caminho para uma qualidade de vida mais elevada.

No entanto, a terapia medicamentosa não é a única opção disponível e pode não ser suficiente. Um dos recursos ainda pouco popularizados para o tratamento do Parkinson é a Estimulação Cerebral Profunda (ou DBS, do inglês Deep Brain Stimulation), que pode diminuir em até 70% os tremores e outros sintomas. Esta técnica envolve a implantação de eletrodos no cérebro, associada a um gerador, semelhante a um marca-passo. Esse dispositivo fornece estímulos elétricos controlados para áreas específicas do cérebro, ajudando a regular os sintomas motores da doença.

Publicidade

A estimulação cerebral profunda (DBS) tem se mostrado uma terapia complementar que colabora para a redução da necessidade de medicamentos. Os benefícios do implante incluem uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes, redução dos sintomas motores, como tremores e rigidez, e, em alguns casos, diminuição na necessidade de medicamentos dopaminérgicos. Sua indicação requer uma avaliação multidisciplinar envolvendo neurologistas especializados, neurocirurgiões funcionais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psiquiatras e neuropsicólogos.

Outros fatores importantes no tratamento são a fisioterapia e a atividade física aeróbica, que desempenham um papel crucial na melhoria da mobilidade e na prevenção de complicações decorrentes da rigidez muscular e da instabilidade postural. Além disso, a fonoaudiologia pode ajudar a tratar problemas de fala e deglutição que podem surgir na progressão da doença.

Embora ainda não tenhamos alcançado a cura para o Parkinson, os avanços não param. As pesquisas avançam em múltiplas direções, com novos medicamentos em desenvolvimento que buscam não apenas aliviar os sintomas, mas também interromper ou retardar a progressão da doença.

Ademais, a pesquisa em terapias neuroprotetoras, que visam proteger as células nervosas e impedir sua degeneração, oferece esperança para o futuro. A compreensão crescente dos mecanismos subjacentes à doença também está permitindo abordagens mais direcionadas e personalizadas no tratamento do Parkinson.

Esses avanços representam uma fonte de esperança e inspiração para pacientes, cuidadores e profissionais de saúde. Embora a doença gere os sintomas relatados acima, muitos pacientes têm tido uma qualidade de vida considerável com as atuais terapias e isso é extremamente importante para que possamos desestigmatizar o Parkinson na população. A conscientização contínua sobre a doença é fundamental para promover a compreensão, o apoio e o cuidado necessários para enfrentar esse desafio de saúde global de maneira mais inclusiva e informada.

Publicidade

Com uma abordagem multidisciplinar, focada no controle dos sintomas e na busca por tratamentos que modifiquem o curso da doença, como o DBS, podemos continuar avançando em direção a uma melhor qualidade de vida para todas as pessoas diagnosticadas com o Parkinson.

Convidado deste artigo

Foto do autor Sara Casagrande
Sara Casagrandesaiba mais

Sara Casagrande
Neurologista. Foto: Arquivo pessoal
Conteúdo

As informações e opiniões formadas neste artigo são de responsabilidade única do autor.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.