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Doenças respiratórias podem ter melhora com tratamento à base de cannabis medicinal

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Por Maria Teresa Jacob
Atualização:
Maria Teresa Jacob. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A Cannabis medicinal atua em um sistema orgânico chamado sistema endocanabinoide. Esse sistema está presente em praticamente todos os órgãos, glândulas, tecidos, cérebro e nervos periféricos. Essa atuação se deve à ligação de substâncias ativas presentes na planta, cerca de 500 substâncias diferentes, a locais do sistema endocanabinoide chamados receptores. Essa ligação restabelece o equilíbrio da região que apresenta a doença. No caso das patologias respiratórias, a ligação dos fitocanabinoides aos receptores CB2 desempenha um papel significativo na melhora de infecções respiratórias virais.

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Os vírus respiratórios, que causam infecções das vias aéreas superiores - gripes e resfriados, pneumonias, crises de asma e bronquite, estão circulando com mais frequência no período do inverno, sobretudo neste momento que fortes frentes frias estão sendo registradas. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Ciências Médicas de Teerã, publicada em 2018, um acúmulo de evidências sugere que o sistema endocanabinóide, através de receptores presentes no organismo (especificamente o tipo 2 - CB2) que se ligam nas substâncias presentes na cannabis (fitocanabinóides), desempenha um papel significativo na melhora de infecções respiratórias virais.

Um artigo do PubMed Central, base de texto completo de artigos de periódicos de acesso livre, aponta o uso do canabidiol (CBD), uma das substâncias presentes na cannabis, como um relevante anti-inflamatório nos casos de doenças respiratórias. A mesma pesquisa indica que o canabinóide pode fornecer mais benefícios neuroprotetores do que as vitaminas C e E, além de contribuir com a imunidade. A interação do CBD nos receptores endocanabinóides do organismo estimula o sistema imunológico, trazendo ainda outros alívios, como melhora na qualidade do sono e alívio de dores.

A ação dos fitocanabinóides nesses receptores do sistema respiratório se mostra eficaz, podendo ser uma alternativa com menos efeitos colaterais no tratamento de doenças respiratórias. Vale ressaltar que cada paciente tem uma necessidade específica, sendo importantíssima a individualização do tratamento.

Em tempos de coronavírus, em que as taxas de ocupação dos hospitais estão elevadas, a cannabis medicinal tem sido cada vez mais explorada e pesquisada para auxiliar no tratamento de diversas patologias. Ainda não existem muitos estudos em humanos devido aos anos de criminalização da planta, como a maioria das publicações científicas destacam.

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Com a mudança de classificação da cannabis na reunião da ONU em dezembro de 2020, reconhecendo o valor medicamentoso dela, mais pesquisas serão realizadas em humanos, reforçando inúmeras pesquisas realizadas in vitro e in vivo em estudos animais, que indicam o uso da cannabis inclusive para melhorar a imunidade.

Mas atenção: é importante que o profissional responsável pelo caso conheça as interações medicamentosas e faça acompanhamentos clínicos e laboratoriais como com qualquer outro medicamento. Por enquanto não existe consenso sobre seu uso em gestantes e mulheres que estejam amamentando.

*Maria Teresa Jacob é médica, especialista em endocanabinologia. Membro da Sociedade Internacional para Estudo da Dor (IASP), da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), da Sociedade Internacional de Dor Musculoesquelética (IMS), da Sociedade Européia de Dor (EFIC), da Society of Cannabis Clinicians (SCC) e da International Association for Canabinoid Medicines (IACM)

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